Grampos da PF indicam ‘doações’ ilegais a políticos


Pietro: "Sim... mas o que que é, campanha política?"
Marcelo: "É..."
Pietro: "Por dentro?"
Marcelo: "Não...".

O diálogo acima foi captado pelos grampos da PF no inquérito da Operação Castelo de Areia, deflagrada na última quarta (25).

Pietro Giavina Bianchi, um dos diretores da Camargo Corrêa que a PF recolheu à sua hospedaria, inquiria o interlocutor sobre verbas eleitorais.

Conversas como essa, de timbre vadio, saltam à farta das páginas do inquérito policial. São contadas em mais de 30 as ligações que versam sobre dinheiro e política.

Os investigados falam de contribuições a partidos e a políticos. Uma parte legal. Outra ilegal. Ou, como prefere a turma da Camargo Corrêa: “Por dentro” e “por fora”.

Por vezes, menciona-se a entrega de dinheiro “em espécie”. Pela lei, esse tipo de contribuição só pode pingar em contas bancárias específicas.

Em notícia veiculada na Folha desta sexta (27), os repórteres Mario César Carvalho e Lilian Christofoletti reproduzem pedaços dos grampos.

Escorados nesses diálogos, a PF e o Ministério Público dizem ter reunido indícios de promiscuidade na relação da empreiteira com os políticos.

Leia-se, a propósito, um naco do miolo da reportagem de Mario Cesar e Lilian Christofoletti:

Noutra conversa, de janeiro deste ano, o mesmo Pietro [Giavina Bianchi] fala com um diretor da empreiteira chamado Fernando Dias Gomes [também preso].

Ele explica que a lista com as doações está ‘numa pasta de eleições’: ‘E lá tem todos os caras que foram pagos’ (...), ‘inclusive a colaboração oficial’. E conclui: ‘Tem as duas, né? Tem as duas, tá?’.


A procuradora Karen Kahn diz que as conversas revelam ‘indícios robustos’ da existência de doações legais e ilegais.

Nas batidas de busca e apreensão que realizou na quarta-feira, a PF recolheu uma pasta de conteúdo promissor. Traz uma lista de doações. Anota nomes e cifras.

Leia-se um outro trecho da reportagem de Mario Cesar e Lilian Christofoletti:

O grupo [de funcionários da Camargo Corrêa] não prima pela organização, como nota o próprio Pietro...

...Ao relatar para Dárcio Brunato, também diretor da Camargo Corrêa, que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, teria afirmado ‘que não recebeu dinheiro nenhum’, Pietro desabafa: ‘(...) Puta zona tá isso lá’.


Pietro detalha a Fernando Arruda Botelho, diretor da empreiteira, a doação via Fiesp: ‘Foi dado o dinheiro’?, pergunta Arruda Botelho.

‘Foi... foi passado lá pro pessoal de Brasília... contataram com o menino lá da Fiesp... e eles dividiram lá... mandaram uma parte para o PSDB, outra parte para o PS... tem uma distribuição que fizeram em Brasília...’"

Nesta quinta (26) veio à luz o nome de mais um político citado nos grampos da Castelo de Areia. Chama-se Mendonça Filho.

Ex-governador de Pernambuco, concorreu à prefeitura do Recife no ano passado pelo DEM. É associado nos grampos à cifra de R$ 100 mil -“por fora”.

Em nota, Mendonça disse que recebeu do grupo Camargo Corrêa não R$ 100 mil, mas R$ 300 mil.

Segundo sua versão, o dinheiro lhe teria chegado em duas parcelas. Uma de R$ 200 mil. Outra R$ 100 mil. Tudo dentro da lei, afirmou Mendonça.

A investigação, como se vê, vai longe. A PF tenta elucidar a suspeita de que as verbas que a Camargo Corrêa borrifou em arcas eleitorais pode ter sido desviada de obras públicas.

Leia abaixo trechos das transcrições dos grampos da PF:



Fonte : a fonte e noticia

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