Lula defende cautela em ano eleitoral para evitar "farra do boi"



da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou nesta quarta-feira a aprovação pelo Senado, sem o apoio do PT, de um projeto que cria um benefício adicional ao Bolsa Família, programa considerado o carro chefe do governo. O presidente, no entanto, disse que em ano eleitoral é preciso ter mais cautela com gastos públicos para evitar a "farra do boi".

Segundo Lula, os políticos precisam ter consciência de que não se ganha voto banalizando as contas públicas.

"Um apelo que faço aos políticos é que não é porque estamos em época eleitoral que vamos praticar a farra do boi. Não se pode pensar que banalizando as contas, se ganha voto. Ao contrário, esse é o ano que devemos ter mais juízo. A sociedade não acredita [em iniciativas eleitoreiras] e sabe que essas medidas são resultado de um trabalho sério e é importante continuar assim. Dar sinais de que a farra do boi começou fará com que possamos perder a imagem de um país sério", afirmou.

O presidente afirmou que a mesquinharia tem tomado conta dos políticos brasileiros, lembrando que a oposição derrubou a renovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) por questões eleitorais.

"Se todo mal que o governo causar é fazer os meus adversários fazerem mais políticas sociais, ótimo. Eles deveriam ter feito isso antes. A mesquinharia tomou conta da política. Se derrubaram a CPMF achando que ia me atingir, provocaram problemas na saúde", disse.

O presidente cobrou que o Congresso indique a fonte para custear a nova despesa. "O Bolsa Família não é benefício de mérito, mas para garantir o mínimo de calorias para o brasileiro. A ideia da [oposição] pode ser boa. Espero que tenham a fonte. Acho que tudo que for aprovado é bom, mas digam de onde virá o dinheiro", disse.

O projeto prevê o pagamento de um novo benefício para as famílias cadastradas no Bolsa Família voltado especificamente para as crianças que alcançarem boas notas. Entre as famílias cadastradas para receber o benefício, aquelas cujos filhos tiverem os melhores rendimentos na escola vão receber um valor a mais integrado ao benefício.

O valor do adicional não ficou definido pelo projeto, nem mesmo como se dará a forma de avaliação escolar das crianças. A regulamentação do projeto, com a definição das regras de pagamento, será definida pelo Executivo --caso o texto seja aprovado.

Como o projeto tem caráter terminativo, deve seguir diretamente para votação na Câmara dos Deputados, sem passar pelo plenário do Senado. O PT, porém, anunciou que vai recorrer para votar a matéria no plenário da Casa para ampliar a discussão.

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