Resistência de Aécio faz PSDB adiar escolha do vice



Tucanato prioriza agora a ‘unidade’ de  São Paulo e  Minas

Pressionado, Serra ‘sinaliza’, enfim, decisão de  concorrer

Iniciou formação de comitês para campanha e ‘programa’



Sob atmosfera de campanha, congressistas do PSDB, DEM e PPS recepcionarão em Brasília, nesta quarta (3), as duas principais estrelas da oposição.

Os governadores tucanos José Serra e Aécio Neves serão cortejados em cerimônia organizada no Senado a pretexto de festejar o centenário de Tancredo Neves.

Neto do homenageado, Aécio aceitara o convite sem hesitação. Serra cogitara não dar as caras. Foi convencido a comparecer.

O alto comando do tucanato considerou que não conviria a Serra o desperdício do palco. Instou-o a “desfilar”. De preferência com um modelito de candidato.

Além de espantar as dúvidas quanto à solidez da candidatura presidencial de Serra, o PSDB deseja tonificar a ideia de unidade entre São Paulo e Minas.

Embora ainda acalente o sonho de empurrar Aécio para dentro da chapa de Serra, o tucanato decidiu levar ao freezer a escolha do vice.

Deve-se o congelamento do debate em torno da almejada chapa puro-sangue à resistência de Aécio ‘Mestiço’ Neves.

Ao reafirmar sua decisão de concorrer ao Senado, Aécio provocara uma instantânea e prematura busca de alternativas.

Foi às manchetes o nome de outro grão-tucano: Tasso Jereissati (CE). Abespinhada, a cúpula do DEM avisou que, sem Aécio, a vaga é sua.

Ao esfriar o caldeirão, o PSDB passou fita isolante num fio que, por desencapado, ameaçava produzir curto-circuito em hora imprópria.

Optou-se por adiar a encrenca para abril. Formou-se entre tucanos e ‘demos’ um denso consenso: é hora de empinar a candidatura Serra.

Puxado pelos aliados e acossado pelas pesquisas, Serra começou a retirar sua candidatura do armário.

Concordou, finalmente, em emitir os primeiros sinais palpáveis de que a subida de Dilma Rousseff não arrefeceu suas ambições presidenciais.

Liberou a divulgação de informações sobre o início da montagem de seu comitê de campanha. Surgiram os primeiros nomes.

José Henrique Reis Lobo, eis o primeiro integrante do comando de campanha de Serra. Vem a ser o secretário de Relações Institucionais do governo paulista.

Vai se desligar do cargo na semana que vem. Deve se afastar também do posto de presidente do diretório municipal do PSDB paulistano.

Para não deixar dúvidas quanto às novas atribuições, o PSDB pretende providenciar para Reis Lobo uma sala em Brasília.

Nesta quinta (4), também o presidente do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal, Felipe Sotelo, deixará o cargo para integrar-se à campanha.

De resto, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), abriu a temporada de convites para compor o grupo que vai elaborar um plano de governo.

A oposição foi arrancada da letargia pelo Datafolha. Assustou-se com a pesquisa que acomodou Dilma a quatro pontos percentuais de Serra.

De Brasília, Serra voará para Belo Horizonte. À noite, dividirá a mesa de jantar com Aécio, que o hospedará no Palácio da Liberdade.

Na quinta (4), hóspede e anfitrião exibirão sua “unidade” em outra solenidade pública: a inauguração da Cidade Administrativa.

Trata-se da nova sede do governo mineiro. Erigida sob Aécio, foi batizada com o nome do avô Tancredo Neves.

Como que desejoso de realçar o perfil “agregador” que seu partido desprezou, Aécio organizou uma pejalança pluripartidária.

Convidada, Dilma declinou. Mas, para desassossego de Serra, o desafeto Ciro Gomes (PSB), que se refere a ele como “o Coiso”, talvez compareça.

Descontados os narizes torcidos, o PSDB espera que a passagem de Serra pelas duas passarelas –a brasiliense e a mineira— lhe dê as feições de candidato indubitável.

Nas próximas semanas, além de completar o comitê eleitoral e o grupo programático, o tucanato vai acelerar a negociação dos palanques estaduais. Tenta-se vencer o atraso.


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