Irã rejeitará troca de urânio no exterior, diz aliado do líder supremo


da Reuters, em Teerã (Irã)

O Irã nunca aceitará fazer a troca de seu urânio pouco enriquecido por combustível nuclear no exterior, disse nesta sexta-feira Ali Akbar Vealyati, conselheiro para assuntos internacionais do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.

A troca de urânio em um país estrangeiro é condição essencial para um acordo com as potências. A declaração de Vealyati marca um novo retrocesso após relatos nesta quinta-feira de que o Irã fez outra contraproposta neste fim de semana para o acordo oferecido pelas potências, com mediação da agência nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas).

Alguns países, como a Turquia, já se ofereceram para mediar a troca, uma forma de diminuir a crescente desconfiança com o Irã por suas atividades nucleares. O Ocidente afirma que o programa nuclear iraniano tem fins militares, Teerã nega.

"Devemos ser muito ingênuos para confiar no Ocidente [...] Por que eles insistem em trocar combustível nuclear no exterior? Isso demonstra que têm intenções satânicas", disse Vealyati à agência de notícias estatal Irna.

"O Irã jamais confiará no Ocidente para enviar seu urânio de baixo enriquecimento ao exterior".

Indagado se a troca ocorreria na Turquia --que faz fronteira com o Irã e também é membro temporário do Conselho de Segurança da ONU-- Velayati respondeu: "O Ocidente pode quebrar suas promessas facilmente... e a Turquia não poderá forçá-los a cumprir suas promessas (de entregar combustível nuclear ao Irã)".

O acordo inicial das potências prevê que o Irã embarcaria 70% do seu estoque de urânio baixamente enriquecido, que seria convertido na França ou Rússia em cápsulas de combustível compatíveis para produção de isótopos de uso médico --e inúteis para fabricação de bombas.

Teerã recusou a proposta dizendo que o projeto de acordo não apresentava as garantias necessárias para a entrega do combustível --o país teme que o acordo seja um golpe das potências para roubar seu estoque de urânio.

Depois disso, o país apresentou uma contraproposta para um intercâmbio gradual e intercalou acenos de diálogo com duras declarações sobre a soberania de seu programa nuclear.

Com a paralisação das negociações, o Irã anunciou que começou a enriquecer o urânio a 20% --necessário para a fabricação dos isótopos-- em fevereiro passado, mesmo diante da repreensão das potências. Desde então, os EUA lideram uma campanha por uma nova rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU, à qual o Brasil se opõe.

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