Mortes por balas perdidas no Rio pode ter triplicado

R7


O ISP (Instituto de Segurança Pública) divulgou no último dia 14 que foram registradas oito mortes por balas perdidas no Estado do Rio de Janeiro em todo o ano de 2009. Entretanto, um levantamento feito pelo R7 em casos que se tornaram públicos revela que o número de vítimas chegou a 24, o triplo da estatística oficial. 

O relatório divulgado pelo ISP, órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública e responsável pela elaboração das estatísticas da criminalidade, aparentemente não incluiu várias mortes. Uma delas é a da menina Júlia Andrade de Carvalho, de apenas oito anos. Ela morreu no dia 21 de março do ano passado durante um confronto entre PMs e traficantes na favela Vila Aliança, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense. Para o ISP, não houve nenhum registro de morte por bala perdida em março de 2009. 

Outro caso que não foi computado pelo instituto foi a morte da aposentada Arlete Alves do Nascimento, de 66 anos. No dia 8 de setembro de 2009, ela foi atingida na cabeça por um tiro de fuzil quando estava dentro de uma van lotada na praça das Nações, em Bonsucesso, na zona norte. No momento do disparo, PMs perseguiam um grupo de suspeitos e houve intenso confronto. Também no relatório do ISP não há registro de mortes por balas perdidas no mês de setembro. 

O instituto também não incluiu outras duas mortes que ocorreram em maio. Uma delas de Ana Paula Farias da Luz, de 12 anos. No dia 31 daquele mês, ela foi baleada no peito quando brincava em frente a sua casa, na favela do Jacarezinho, zona norte. No mesmo dia, o pedreiro José Ivo Ferreira, de 27 anos, que voltava para casa após jogar futebol, foi surpreendido por um tiroteio entre traficantes rivais no complexo da Maré, na zona norte. Ele foi baleado e morreu. 

No mês de outubro, o R7 apurou que houve pelo menos quatro mortes por balas perdidas. Entretanto, na estatística oficial do ISP, há apenas um registro. Em julho, segundo o que levantou o R7, foram ao menos quatro mortes. Para o instituto, ocorreram apenas duas. 
Em abril de 2009, aconteceram três mortes por balas perdidas mas na estatística oficial, só foi incluído um caso. Em fevereiro do ano passado, houve ao menos quatro casos, mas o ISP só anotou um. 

Pela definição do ISP, vítima de bala perdida é "toda pessoa que não tinha nenhuma participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo", sendo, no entanto, atingida por projétil e podendo vir a morrer ou não. 

Boletim de ocorrência 

O ISP esclarece, no entanto, que para um caso ser computado em sua estatística é preciso que a expressão "bala perdida" seja assinalada no item "dinâmica dos fatos" dos boletins de ocorrências das delegacias. Segundo o órgão, pode acontecer também de um caso ser inicialmente identificado como bala perdida e, no decorrer das investigações, haver mudança. O R7 apurou com o ISP que não há previsão para mudança deste critério que, segundo o órgão, é subjetivo. 

A estatística oficial indica ainda que, em todo o ano de 2009, ao menos 185 pessoas foram feridas por balas perdidas no Estado, o que representaria 11,5% do número de vítimas feridas por projétil de arma de fogo no ano passado. 

O ISP começou a divulgar as estatísticas das balas perdidas a partir do ano de 2007 com os dados de 2006. O balanço é publicado trimestralmente. 

Neste ano, os números ainda não são conhecidos mas um levantamento feito pelo R7 descobriu que houve ao menos sete mortes, sendo duas delas de pessoas que estavam dentro de ônibus. A última vítima foi um menino de 13 anos que morreu na noite da última terça-feira (20) no complexo de favelas da Maré, na zona norte, após a arma de um traficante ter disparado acidentalmente. 

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