Três explosões atingem Tailândia e aumentam tensão em meio a protestos

Tailandeses feridos tentam fugir de local de três explosões em Bancoc, na Tailândia; ao menos dois feridos
da Reuters, em Bancoc (Tailândia)
da Reportagem Local

Três explosões atingiram nesta quinta-feira o distrito comercial de Bancoc, capital da Tailândia, ferindo ao menos duas pessoas e aumentando a tensão entre as milhares de tropas do governo e manifestantes da oposição, conhecidos como camisas vermelhas.

Não se sabe ainda na causa das explosões, que ocorreram do lado de fora da sede do Charoen Pokphand Group, o maior grupo de agronegócios da Tailândia.


Testemunhas que estavam no local dizem que ao menos um estrangeira e uma tailandesa ficaram feridos.
Centenas de soldados, muitos armados com rifles de assalto M-16, chegaram no bairro rico de Bancoc na segunda-feira (19) para impedir que milhares de camisas vermelhas fizessem novos protestos pela derrubada do primeiro-ministro e dissolução do Parlamento.

Não longe das explosões, milhares de camisas vermelhas --apoiadores do ex-premiê Thaksin Shinawatra-- fortificaram seu reduto em um distrito comercial de Bancoc, onde agora há centenas de barricadas. O Exército planeja retirar os manifestantes à força.

Nenhum dos lados mostra sinais de que vai recuar, depois da tentativa caótica militares de expulsar os manifestantes de outro local, em 10 de abril passado, que levou a morte de ao menos 25 pessoas, além de deixar 800 feridos.

Nesta quinta-feira, o Exército voltou a ameaçar os manifestantes, que há sete semanas atrapalham a rotina da capital. "Seus dias estão contados", disse o porta-voz do Exército, Sansern Kaewkamnerd.

"Se vocês saírem agora, vocês não serão processados. Mas se vocês esperarem até as forças de segurança entrarem, vocês serão processados. Vocês também podem ser atingidos por balas de borracha durante os confrontos entre as forças de segurança e os terroristas fortemente armados".

Os camisas vermelhas dizem que outra tentativa de retirá-los de seu acampamento será fútil. Eles dizem que eles apenas deixarão Bancoc quando o premiê Abhisit Vejjajiva anunciar eleições antecipadas.

Cerca de 20 mil camisas vermelhas ocuparam uma área de cerca de 3 km² no centro de Bancoc, em uma vila improvisada no coração de uma das áreas mais ricas da capital.

"Eu não tenho medo", disse Saisunee, 23, garçonete em Bancoc que faz parte do movimento. "Há muitas pessoas aqui. Eu não acho que o Exército pode nos tirar daqui".

Histórico

A atual turbulência é sintoma de uma prolongada crise política que opõe, de um lado, os militares, os monarquistas e a elite urbana --que usam amarelo nos protestos e apoiam o atual premiê Abhisit Vejjajiva; e do outro os seguidores de Thaksin, identificados pela cor vermelha, oriundos principalmente das classes trabalhadoras rurais, e que se sentem alienados pelo governo.


Thaksin, derrubado em 2006 em um golpe de Estado apoiado pelos camisas amarelas, foi condenado in absentia por corrupção e abuso de poder. Ele nega as acusações do exílio autoinfligido em Dubai.

Dois anos depois, os apoiadores de Thaksin voltaram ao poder por três meses. Na ocasião, confrontos entre apoiadores e opositores de Thaksin resultaram na ocupação e fechamento dos dois principais aeroportos de Bancoc por uma semana.

Há pouco mais de uma semana ele perdeu US$ 1,4 bilhão da sua fortuna pessoal estimada em US$ 2,3 bilhões após a Justiça tailandesa concluir que esse dinheiro teve origem ilegal. Os seus simpatizantes afirmam que o julgamento foi político.

Antes de tornar-se primeiro-ministro, Thaksin já era bastante rico e possuía, entre outros negócios, a companhia de telecomunicações Shin Corp. A empresa foi vendida ao fundo soberano Tamasek, de Cingapura, em janeiro de 2006, numa operação controversa que acabou desencadeando os protestos que resultaram em sua queda.

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