Tropas atiram para dispersar manifestantes na Tailândia; ao menos 11 feridos


da Reportagem Local

O clima de tensão aumentou nesta quarta-feira em Bancoc, capital da Tailândia, quando as tropas do governo atiraram para o ar e contra os milhares de manifestantes da oposição, conhecidos como camisas vermelhas, que protestam há sete semanas pela queda do governo, que consideram ilegítimo. Ao menos dez manifestantes e um soldado ficaram feridos nos confrontos.

O número de feridos pode aumentar e a agência de notícias Efe fala em ao menos 16.

As agências de notícias afirmam que não está claro se as tropas utilizaram balas de borracha ou munição nos confrontos, que ocorreram em uma das principais estradas conectando Bancoc com os subúrbios ao norte --que as forças de segurança bloquearam com arame farpado.

Eric Gaillard/Reuters
Policiais assumem posição durante confronto com os camisas vermelhas, em Bancoc (Tailândia); ao menos 11 ficaram feridos
Policiais assumem posição durante confronto com os camisas vermelhas, em Bancoc (Tailândia); ao menos 11 ficaram feridos
O porta-voz do Exército, Sansern Kaewkamnerd, disse que as tropas foram orientadas a usar balas de borracha, mas têm autorização para atirar com munição para defesa própria.

"Nós trouxemos força para detê-los. Neste ponto, a sociedade acha inaceitável ter manifestantes viajando em carreatas como essa", disse Sansern. "Faremos nosso melhor para prevenir perdas".

Em 10 de abril, o Exército liderou uma operação fracassada contra um ponto de concentração de camisas vermelhas, na qual 25 pessoas morreram e 800 ficaram feridas.

Os camisas vermelhas, que paralisaram o centro financeiro de Bancoc, anunciaram que vão ampliar as manifestações e desafiaram as tropas a impedi-los. Cerca de 900 soldados e policiais enfrentaram os cerca de 200 caminhões e 500 motos que, nesta manhã, saíram das bases oposicionistas na direção norte da capital.

Na estrada Vibhavadi-Rangsit, tropas antidistúrbios atiraram para o ar para tentar forçar um recuo, mas vários dos camisas vermelhas cortaram os arames farpados e seguiram adiante As tropas então atiraram em direção aos manifestantes, que fugiram.

A confrontação foi caótica. Em um momento, as forças de segurança atiraram contra um grupo de militares que dirigia em direção a ales em motocicletas, no que pareceu um incidente, apesar de alguns membros das forças de segurança serem acusados de participar dos protestos.

Ao menos quatro motocicletas bateram e um soldado foi carregado em uma maca, sangrando profundamente.

Ao menos dez manifestantes foram feridos nos confrontos e tratados com ferimentos menores no Hospital Bhumibol Adulyadej.

O confronto terminou na noite desta quarta-feira (horário local) e todos os manifestantes voltaram para suas bases e acampamentos.

O tiroteio, contudo, levantou temores de que mais violência está por vir, depois que o governo alertou que a paciência está acabando --e com pressão cada vez maior da classe aristocrática e monarquista por um fim aos protestos.

Histórico

A atual turbulência é sintoma de uma prolongada crise política que opõe, de um lado, os militares, os monarquistas e a elite urbana --que usam amarelo nos protestos e apoiam o atual premiê Abhisit Vejjajiva; e do outro os seguidores de Thaksin, identificados pela cor vermelha, oriundos principalmente das classes trabalhadoras rurais, e que se sentem alienados pelo governo.

Arte Folha

Thaksin, derrubado em 2006 em um golpe de Estado apoiado pelos camisas amarelas, foi condenado in absentia por corrupção e abuso de poder. Ele nega as acusações do exílio autoinfligido em Dubai.

Dois anos depois, os apoiadores de Thaksin voltaram ao poder por três meses. Na ocasião, confrontos entre apoiadores e opositores de Thaksin resultaram na ocupação e fechamento dos dois principais aeroportos de Bancoc por uma semana.

Há pouco mais de uma semana ele perdeu US$ 1,4 bilhão da sua fortuna pessoal estimada em US$ 2,3 bilhões após a Justiça tailandesa concluir que esse dinheiro teve origem ilegal. Os seus simpatizantes afirmam que o julgamento foi político.

Antes de tornar-se primeiro-ministro, Thaksin já era bastante rico e possuía, entre outros negócios, a companhia de telecomunicações Shin Corp. A empresa foi vendida ao fundo soberano Tamasek, de Cingapura, em janeiro de 2006, numa operação controversa que acabou desencadeando os protestos que resultaram em sua queda.

Com agências internacionais

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