Lula e Lugo prometem medidas mais severas contra narcotráfico


da France Presse
colaboração para Folha

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega paraguaio Fernando Lugo resolveram aplicar medidas conjuntas para combater a violência do narcotráfico, em um encontro realizado nesta segunda-feira (3) na fronteira, onde as cidades de Ponta Porã (Brasil) e Pedro Juan Caballero (Paraguai) são separadas apenas por uma avenida.

A presença do senador governista paraguaio Robert Acevedo - sobrevivente de um atentado promovido por traficantes há oito dias a alguns metros do local onde estavam os chefes de Estado nesta segunda-feira - deu um ar emotivo ao encontro.

Jorge Adorno/Reuters
Em Ponta Porã, Lula se encontrou com o senador Robert Acevedo
Em Ponta Porã, Lula se encontrou com o senador Robert Acevedo
Os presidentes instalaram uma placa em memória dessa reunião na avenida que serve de divisão entre os dois países. Posteriormente, eles se dirigiram à sede do 11° Batalhão de Cavalaria de Ponta Porã para discutir acordos contra a violência e outros assuntos pendentes sobre a hidrelétrica binacional Itaipu.

"Os traficantes se meteram com os governos de Brasil e Paraguai. Agora vamos enfrentá-los", disse Lula ao anunciar que ambos os países deverão encarar um combate frontal contra os traficantes.O senador Robert Acevedo admitiu que sua vida continua em perigo por conta das denúncias que fez.

 "Preciso que o governo me proteja, a mim e a minha família, para continuar vivo", declarou.

"Nem usando a violência contra um senador ou matando seus guarda-costas ou proferindo ameaças eles vão conseguir intimidar os governos de Brasil e Paraguai", disse Lula durante o encontro bilateral.Acevedo afirmou que o narcotráfico movimenta em torno de US$ 50 milhões por ano apenas na fronteira entre Brasil e Paraguai.

"Se não determos (o tráfico) agora, essa região vai se tornar uma Ciudad Juárez (México) em pouco tempo", enfatizou, fazendo alusão à cidade mexicana notória pela falta de controle sobre as atividades de narcotraficantes.
Cobrança de Atitude
Mais cedo, o senador paraguaio Robert Acevedo, alvo de um atentado no qual morreram seu segurança e seu motorista, pediu aos presidentes Lula e Lugo um maior investimento no combate ao narcotráfico na zona de fronteira. "Queremos mão dura dos governos do Paraguai e do Brasil, porque se não reagirmos eles vão ganhar a guerra.

Neste momento, estamos perdendo a batalha", disse Acevedo.O congressista acusou grupos ligados ao narcotráfico dos dois países pelo atentado realizado no último dia 26 de abril. Entre os suspeitos, há quatro brasileiros, supostamente membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), que estão presos no Paraguai.

Atentado

Robert Acevedo, senador pelo governista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), foi ferido no braço durante um tiroteio contra o veículo em que viajava, em uma rua de Pedro Juan Caballero, capital do Departamento de Amambay, há oito dias.

A cidade é vizinha a Ponta Porã, onde os presidentes Lula e Lugo se reuniram hoje. "Existe muito perigo que Caballero se converta em uma Ciudad Juárez", disse Acevedo, em referência à cidade mais violenta do México. "Nesta zona, a cada dia temos muito medo. A cidade está ficando inabitável".

Os dois presidentes iniciaram nesta segunda-feira uma reunião bilateral para discutir assuntos relacionados à violência na região fronteiriça entre os dois países e também à hidrelétrica de Itaipu.

O ataque motivou a inclusão do tema da segurança na agenda dos dois governantes, que se encontram para discutir a divisão de lucros da hidrelétrica Itaipu Binacional, propriedade dos dois países.

Com France Presse

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