Polícia do Senado descobriu fraude na contratação das “fantasmas” de Efraim Morais

A Polícia Legislativa do Senado descobriu fraude na documentação de posse das funcionárias fantasmas Kelly Janaína Nascimento da Silva, 32 anos, e Kelriany Nascimento da Silva, 33 anos. Os agentes investigam participação do gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB) na utilização de documentos falsos que possibilitaram as nomeações irregulares. Depois da denúncia das irmãs, feita na 13ª DP (Sobradinho), os agentes da polícia do Senado realizaram buscas de documentos no gabinete de Efraim para apurar irregularidades na nomeação.

Ontem, um contínuo do gabinete de Efraim prestou depoimento aos policiais. O funcionário terceirizado Gilberto Rocha da Mota aparece como procurador de Kelly e Kelriany no registro de posse das duas irmãs. Kelriany afirmou ao Correio que não conhece Gilberto e que não assinou a procuração específica de posse, documento obrigatório para permitir que outra pessoa assine a nomeação. “Nunca ouvi falar. A única procuração foi assinada para a Kátia. O negócio está feio. Como pode uma pessoa tomar posse para duas?”, indagou a estudante. Kátia da Conceição Bicalho, irmã da suposta bacharela em direito Mônica da Conceição Bicalho, funcionária comissionada do gabinete apontada como responsável pelas fraudes, tinha procuração das duas irmãs para movimentar a conta-corrente onde os salários eram depositados.
As irregularidades no gabinete de Efraim já provocam constrangimentos nos colegas. O primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), critica o modo como o correligionário administra as nomeações e o controle de funcionários. De acordo com Heráclito, a responsabilidade pela existência de fantasmas é de Efraim e se o sistema de ponto eletrônico, implantado em fevereiro, fosse seguido, a denúncia envolvendo as estudantes Kelly e Kelriany não aconteceria. “Cada gabinete tem seu corpo de funcionários e o senador é responsável direto por eles. Vamos ver qual sistema ele (Efraim) usava. Se tinha ordenador de frequência”, disse. “Não sei como é no gabinete dele, o meu eu fiscalizo. Sei quem está trabalhando, não aceito ninguém que não queira trabalhar e sempre tem alguém para acompanhar no estado. Só pessoas que não têm condições de bater ponto, motorista, secretário, assessor particular, devem ser liberadas. A liberação é para ser uma exceção, não uma regra”, completou.

Dos 50 funcionários do gabinete de Efraim, 43 têm o ponto liberado pelo senador. Entre eles, Kelly, a ex-assessora Mônica e duas pessoas da sua família. Por meio de sua assessoria, o senador nega as acusações. De acordo com o gabinete, Efraim está “incomunicável” e vai passar o fim de semana em fazenda do município de Santa Luzia, cidade natal do parlamentar no interior da Paraíba.

Quinta-feira, as funcionárias fantasmas prestaram depoimento de aproximadamente oito horas na polícia do Senado. De acordo com as informações prestadas pelas estudantes, a polícia teria concluído que a posse de Kelly e Kelriany foi “fraudulenta”. O advogado das irmãs, Geraldo Faustino, afirma que as duas entregaram a Mônica, que teria intermediado a contratação, apenas cópias da identidade, CPF, título de eleitor e a procuração para movimentar a conta em que o salário era depositado. Segundo o advogado, Kátia levou as duas pessoalmente ao hospital para fazer exame médico e não entregou nenhuma guia de exame admissional às estudantes. Apenas Kelriany teria fornecido fotos e ninguém mostrou comprovante de residência.

Correio Braziliense

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