Funcionárias de Efraim admitem esquema, mas excluem senador

O salário das irmãs Kelly e Kelriany Nascimento, que se dizem funcionárias “fantasmas” do Senado no gabinete de Efraim Morais (DEM-PB), foi parar nas contas de pelo menos cinco pessoas da família Bicalho, segundo depoimento de uma funcionária terceirizada do gabinete que fazia a movimentação das contas, Kátia Bicalho. Kátia e a irmã Mônica, funcionária comissionada do senador, são apontadas como as responsáveis pela contratação das irmãs que se dizem "fantasmas".

A informação sobre o repasse do dinheiro para as contas da família Bicalho consta no depoimento que Kátia deu à Polícia do Senado nesta segunda-feira (31/05). O G1 teve acesso aos depoimentos de Kátia e Mônica nesta quarta-feira (2).

Kelly e Kelriany estavam registradas como funcionárias do Senado com salário inicial de R$ 3,8 mil. Kelly e Kelriany dizem que ficavam com apenas R$ 100 por mês e que não sabiam da existência de vínculo com o Senado.

No depoimento na segunda-feira, Kátia Bicalho confirmou à Polícia que ela tinha uma procuração para movimentar as contas das irmãs Nascimento. Ela disse que muitas vezes deu o cartão para que outras pessoas da família Bicalho realizassem saques. Toda a movimentação, no entanto, aconteceria com o consentimento de Kelly e Kelriany, diz Kátia.

A funcionária terceirizada afirmou que usou as contas para fazer transferências para as contas de seu pai, de sua mãe e de um irmão. O pai já foi também funcionário de Efraim e a mãe ainda aparece na lista de servidores do gabinete.

A justificativa para a movimentação das contas é que Kelly e Kelriany tinham uma dívida com a família Bicalho. Kátia estima que a dívida chegou a R$ 28 mil e que R$ 21 mil teria sido pago após as duas conseguirem o emprego no Senado. A dívida seria resultado de compras de roupas, sapatos, bijuterias e até fraldas para o filho de Kelly.

Mônica Bicalho também fala da dívida em seu depoimento, mas não menciona valores. Ela afirma que Kátia movimentava as contas a pedido de Kelly e Kelriany.

Mônica diz ser a responsável pela contratação das irmãs que fizeram a denúncia. Ela diz que trabalha na área jurídica de Efraim e precisava de ajuda na pesquisa e seleção do material que daria suporte a ações do senador. Devido ao grande trabalho, ela perguntou à chefia de gabinete se poderia contratar duas pessoas para ajudá-la. Após ter recebido a autorização, ela optou por Kelly e Kelriany por serem suas amigas. Mônica disse que não havia como provar a prestação de trabalho das irmãs, que, segundo Mônica, trabalhavam em suas residências, em Sobradinho, cidade satélite de Brasília.

Apesar de dizer que trabalhava “fisicamente” no gabinete, Mônica disse à Polícia do Senado não saber informações básicas do cotidiano de trabalho na casa, como seu login na rede interna de computadores ou seu e-mail funcional.

Kátia e Mônica afirmam em seu depoimento que a denúncia sobre funcionárias "fantasmas" é falsa e que Kelly as procurou no dia 10 de maio e informou que tinha achado um jeito de “ganhar milhões” e garantir o futuro de seu filho. O jeito seria dizer que eram funcionárias fantasmas do Senado. Kátia e Mônica dizem ter procurado Kelly e Kelriany posteriormente, mas não conseguiram mais falar com as amigas.O G1 tentou contato com o advogado de Kelly e Kelriany, Geraldo Faustino, mas as ligações não foram atendidas.


Do G1

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