Irã rejeita sanções da ONU e diz que são um "passo errado", diz TV



O Irã rejeitou nesta quarta-feira a aprovação de um novo pacote de sanções ao seu programa nuclear pelo Conselho de Segurança da ONU, dizendo que a medida é "errada" e deve piorar a crise, informou a rede de TV iraniana Al Alam.
"A resolução foi uma medida errada (...), não é um passo construtivo para resolver a questão nuclear. Isso tornará a situação mais complicada", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, após a aprovação.
O documento foi aprovado nesta quarta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, com 12 votos a favor, apesar de Brasil e Turquia votarem contra a resolução. Na abertura da sessão, que começou com mais de uma hora de atraso, às 12h15 (horário de Brasília), a embaixadora brasileira da ONU, Maria Luiza Viotti, afirmou que, "na nossa visão", a resolução "atrasará, em vez de acelerar, uma solução para a questão".
O Líbano se absteve de votar. Os outros 12 países do Conselho de Segurança foram favoráveis, aprovando a quarta rodada de sanções contra o Irã desde 2006.
As novas sanções devem vetar investimentos exteriores iranianos em atividades e instalações relacionadas com a produção de urânio, serão estabelecidas restrições na venda de armas convencionais ao Irã. Além disso, o país será proibido de fabricar mísseis balísticos com capacidade de carregar ogivas nucleares.
Também deve haver novas restrições às operações financeiras e comerciais com o Irã, além do reforço do regime de inspeções das cargas dos navios e aviões iranianos para evitar que burlem o embargo internacional.
EUA
Em discurso durante a sessão, que acontece na sede da ONU em Nova York, a embaixadora americana, Susan Rice, voltou a elogiar a iniciativa de brasileiros e turcos de chegarem a um acordo. "O Brasil e a Turquia trabalharam duro", afirmou Rice, "o que reflete as boas intenções de seus líderes".
No entanto, disse, o acordo alcançado com o Irã no dia 17 de maio, na tentativa de evitar as sanções, "não responde às questões fundamentais" que geram desconfiança nos americanos, o que fez com que a resolução fosse necessária.
"Estamos nesse ponto porque o governo do Irã escolheu violar as regras da agência nuclear. Não suspendeu o enriquecimento de urânio e outras atividades nucleares", discursou Rice.
Ela disse ainda que as sanções "não são direcionadas ao povo do Irã", mas que "o governo escolheu um caminho que o levará ao isolamento". "Como todas as nações, o Irã tem direitos. Mas também responsabilidades. [...] Agora, o Irã deve escolher um caminho mais sábio."
A representante disse ainda que os Estados Unidos estão "prontos" para retomar um diálogo com a República Islâmica assim que essas medidas forem implementadas. "Esperamos poder mostrar ao Irã o quanto o país tem a ganhar caso comece a agir de maneira responsável, respeitando as regras internacionais", concluiu.
O Irã desafiou continuamente resoluções do Conselho de Segurança e da AIEA, dando prosseguimento ao seu programa de enriquecimento de urânio e construindo mais instalações nucleares do que o permitido pelas regras internacionais às quais havia se submetido.
POTÊNCIAS
Horas antes da votação, potências ocidentais haviam rejeitado oficialmente o acordo nuclear alcançado entre Brasil, Irã e Turquia, transmitindo sua posição à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Rússia, EUA e a França enviaram sua resposta oficial ao acordo de intercâmbio de urânio assinado pelo Irã com o Brasil e a Turquia em 24 de maio passado, indicou nesta quarta-feira um diplomata ligado ao órgão da ONU.
De acordo com a posição divulgada pelos EUA, Rússia e França, a proposta de acordo acertada entre Brasil, Irã e Turquia deixaria o país com material suficiente para fabricar uma arma nuclear. A informação tornada pública pelo Irã de que o pacto não impediria de continuar enriquecendo urânio também preocupa as potências.
Para os três países ocidentais o acordo, que derivou de uma oferta similar feita pela AIEA ao Irã ainda no ano passado, não esclareceu dúvidas importantes sobre o programa nuclear do país, que eles acreditam estar desenvolvendo armas nucleares. O Irã nega e diz que enriquece urânio somente para fins pacíficos.
Na segunda-feira (6), a AIEA voltou a pedir ao governo iraniano que dê provas conclusivas de que não pretende adquirir armamentos atômicos.

0 comentários:

Postar um comentário