DA ANSA, EM ROMA
O advogado do Vaticano nos Estados Unidos, Jeffrey Lena, disse nesta terça-feira que é "absolutamente infundada" a hipótese de que o papa Bento 16 seja chamado a testemunhar nos tribunais norte-americanos em processos sobre pedofilia.
Em entrevista à imprensa italiana, Lena comentou a decisão da Suprema Corte do país, que resolveu não se pronunciar acerca de um recurso encaminhado pela Santa Sé e reenviou a um tribunal do Oregon a decisão sobre se o Vaticano pode ou não ser civicamente responsável pelas ações de padres que cometeram abusos.
Pier Paolo Cito/AP |
Papa Bento 16 não vai testemunha em tribunal dos EUA sobre pedofilia, diz advogado do Vaticano |
"A Suprema Corte decidiu que não está pronta para confrontar a questão específica que submetemos a sua atenção", ou o "objetivo de emprego" que uniria a Santa Sé aos padres em todo o mundo.
De acordo com Lena, "não há um relacionamento de trabalho dependente" entre os sacerdotes e o Vaticano, porque este "não paga o salário dos padres nem garante seus benefícios de previdência, assim como não exercita qualquer tipo de controle cotidiano sobre o trabalho realizado, diferente do que acontece da parte das dioceses e ordens".
A Santa Sé é acusada na Justiça norte-americana de ter transferido o sacerdote irlandês já falecido Andrew Ronan de seu país natal a Chicago, e posteriormente a Portland, mesmo sabendo das repetidas denúncias de abuso sexual contra menores associadas a ele.
Com a rejeição do recurso, o debate sobre se o padre pedófilo era ou não dependente da instituição católica, o que justificaria a culpa do Vaticano no processo, retorna à Corte Distrital do Oregon.
O advogado que acusa a Santa Sé, Jeff Anderson, admitiu hoje a um jornal italiano que não pensa "que será possível processar o papa enquanto papa", mas que "o Vaticano poderá ter que responder na Justiça pelos abusos cometidos pelos sacerdotes".
Ele também afirmou que buscará conseguir o depoimento de Bento 16, e que seu próximo movimento será recolher os testemunhos do decano dos cardeais, Angelo Sodano, e do atual secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone.
"Eles, um como secretário de Estado [durante o pontificado de João Paulo 2º] e o outro como chefe do Colégio dos Cardeais foram os personagens-chave. Nas suas posições, houve o centro das coberturas por um longo período. Assim como o foi o cardeal [Joseph] Ratzinger, atual papa, quando tinha responsabilidade na Cúria [Romana]", afirmou.
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