Promotor de festas diz que espiã russa "tinha classe" e queria encontrar rapazes


DA ASSOCIATED PRESS
A ruiva que ganhou fama internacional instantânea ao ser acusada de espionar para a Rússia escondia-se sendo apenas mais uma em meio à multidão. Sites de relacionamento estão cheios de fotos da atraente russa Anna Chapman: em meio a homens de negócio em reuniões, posando em frente à Estátua da Liberdade, falando sobre como vencer em Nova York.
"Os EUA é um país livre, e é o lugar mais fácil do mundo para encontrar as pessoas mais bem sucedidas", diz ela em um vídeo publicado na internet.
AP
Foto da rede social russa Odnoklassniki mostra a moça identificada como Anna Chapman
Foto da rede social russa Odnoklassniki mostra a moça identificada como Anna Chapman
As autoridades dos EUA afirmam que tudo isso não passa de uma farsa. Nos bastidores, alegam, Chapman atuava como agente secreto --um dos 11 suspeitos acusados em um esquema que retomou as memórias da Guerra Fria, pôs em teste as relações entre EUA e Rússia, e foi um prato cheio para as manchetes dos tabloides, como "A espião que nos amou".
A imprensa rapidamente a apelidou de "mulher fatal".
Steve Fox, que organiza festas de alto nível na cidade para formar casais, disse que Chapman apareceu em algumas, acompanhada por outras russas. "Ela estava linda", disse Fox. "Acho que queria encontrar rapazes, como todas as outras mulheres em Nova York". Sobre o estilo da ruiva, Fox disse: "Não tinha nada de Lady Gaga em seu estilo. Ela tinha mais classe."
Autoridades russas inicialmente condenaram as prisões como "histórias de espiões da era da Guerra Fria" e acusaram elementos do governo americano de tentar minar a melhora das relações bilaterais. Mas a Casa Branca e o premiê russo, Vladimir Putin, expressaram confiança de que as prisões não afetam as relações entre os dois países.
Chapman, 28, e nove outros acusados de serem membros de um esquema de espionagem foram presos nos EUA no fim de semana. Eles foram acusados de não se registrarem como agentes internacionais, um crime que é menos grave do que espionagem e tem pena de até cinco anos de prisão. Alguns também enfrentam acusações de lavagem de dinheiro.
Um 11º suspeito foi preso no Chipre, acusado de repassar dinheiro aos outros dez por vários anos. Ele teria desaparecido após pagar fiança, afirmam autoridades.
Provas "devastadoras"
O procurador assistente dos EUA Michael Farbiarz chamou as provas contra Chapman de "devastadoras". Ela é "alguém com treinamento extraordinário, que é uma agente sofisticada da Rússia", disse.
AP
A suposta espiã Anna Chapman, presa pela polícia dos EUA no último domingo (26)
A suposta espiã Anna Chapman, presa pela polícia dos EUA no último domingo (26)
Uma denúncia afirma que Chapman usava um laptop especialmente configurado para transmitir mensagens para outro computador de um representante russo não identificado. As trocas entre computadores aconteceram dez vezes, sempre às quartas-feiras, até junho, quando um agente disfarçado do FBI (polícia federal americana) se envolveu no caso, disseram promotores.
O agente, passando-se por um funcionário do consulado russo e vestindo um microfone, armou um encontro com Chapman em um café de Manhattan. Durante o encontro, o homem disse a Chapman que sabia que ela seria mandada a Moscou em duas semanas "para falar oficialmente sobre seu trabalho". Antes disso, no dia seguinte, ela teria que entregar um passaporte falso a outra mulher trabalhando como espiã.
O agente lhe deu um endereço e disse para segurar uma revista de um certo jeito, para ser reconhecida pela agente russa. A agente iria identificar-se dizendo "Com licença, mas não nos encontramos na Califórnia no verão passado?".
Mas Chapman estava desconfiada, segundo promotores. "Você tem certeza que ninguém está observando?", teria perguntado ela após receber as instruções. Em seguida, ela comprou um celular e fez "uma rajada de ligações" para a Rússia. Em uma das ligações interceptadas, um homem sugere que ela pode ter sido descoberta, e aconselha que entregue o passaporte falso à polícia e deixe o país.
Ela foi presa no Departamento de Polícia de Nova York após seguir o conselho, disseram autoridades.
Em audiência na segunda-feira em uma corte federal em Manhattan, onde Chapman foi presa sem direito a fiança, o advogado dela alegou que Chapman visitou os EUA algumas vezes desde 2005, antes de se mudar para Manhattan para começar seu próprio negócio, que vale US$ 2 milhões.
Internet
Nesta quarta-feira, a mãe de Chapman, que vive em Moscou, disse que a filha foi acusada incorretamente de tentar ajudar a inteligência russa a coletar informações políticas dos EUA.
AP
Suposta espiã russa foi avisada de que poderia ter sido descoberta, diz polícia
Suposta espiã russa foi avisada de que poderia ter sido descoberta, diz polícia
"Claro que acredito que ela é inocente", disse Irina Kushchenko, antes de se recusar a dar mais declarações.
Ela alugou um apartamento a uma quadra de Wall Street e começou a usar redes de relacionamento na internet, como LinkedIn e Facebook, para fazer contatos.
Na página do LinkedIn, Chapman aparece como chefe-executiva da PropertyFinder Ltd., que mantém um site de anúncios de imóveis em Moscou, Espanha, Bulgária e outros países.
As informações sobre ela no site Lifenews.ru afirmam que é filha de um diplomata russo que trabalhou no Quênia.
Também afirma que ela mudou-se para o Reino Unido após se casar com um britânico, cujo pai era diretor para a Europa da Auchan, rede de supermercados francesa, que tem várias lojas na Rússia.
A Universidade para a Amizade dos Povos, na Rússia, confirmou que ela se formou em 2004.
Um de seus empregadores em Londres, citados em seu currículo, o banco Barclays, não encontrou nenhum registro dela entre seus funcionários. Uma companhia aérea onde ela disse ter trabalhado por um ano disse que o período foi de três meses.
Em mais de 90 fotos publicadas no Facebook, Chapman aparece em vários países, incluindo a Turquia, onde aparece em um dos quartos do luxuoso Hotel Les Ottoman, em Istambul. Também há fotos que parecem ser da família na Rússia e fotos de Chapman vestida em uniforme escolar.
Suas impressões digitais na internet também incluem uma foto dela posando com um copo de vinho entre dois homens em um simpósio de tecnologia na Universidade de Stanford, em março --custa mais de US$ 1.000 a participação --e vídeos em que fala em russo sobre oportunidades econômicas nos EUA.

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