Próton pode ser menor do que se pensava, diz estudo


DA NEW SCIENTIST

Quando crianças aprendem a ler e escrever, elas muitas vezes pegam as coisas de trás para frente, confundindo o "b" pelo "d", por exemplo, ou até escrevendo nomes inteiros ao contrário.

Esse fenômeno estranho pode ser uma consequência da "reciclagem" de uma área do cérebro que reconhece formas e padrões a medida que as crianças aprendem a ler, afirma Stanislas Dehaene, cientista do Inserm (Instituto Nacional de Saúde Médica, na sigla em francês), em Saclay, França.

Estudos anteriores em macacos mostraram que neurônios individuais numa área do hemisfério esquerdo do cérebro são ativados em resposta a fotos e padrões. Também é sabido que animais e crianças pequenas têm dificuldade em distinguir entre uma imagem e sua versão no espelho.

Outros estudos mostraram que essa região cerebral, chamada de VWFA (área de forma de palavra visual, na sigla em inglês), é ativada quando as pessoas aprendem a ler.

Para investigar o que acontece na VWFA quando humanos olham para palavras e figuras e suas versões no espelho, Dehaene usou fMRI (ressonância magnética funcional) para registrar a atividade cerebral de adultos quando eles olhavam figuras, palavras escritas e letras tanto em sua orientação normal quanto em sua orientação reversa (imagem no espelho).

Embora a região cerebral foi ativada em resposta a imagens normais e reversas, e para palavras e letras em sua orientação normal, a região não respondeu quando adultos estavam olhando a imagens reversas de palavras e letras.

Dehaene sugere acredita que, em recém-nascidos, a VWFA responde a todo tipo de informação visual em ambas as orientações. Mas, a medida que aprendemos a ler e escrever, a região é "reciclada" -ela desaprende a forma reversa das palavras e letras, de forma que, na idade adulta, ela não responde mais a esses estímulos.

"Não é à toa que crianças têm tantas dificuldades com imagens reversas para ler e escrever", diz Dehaene, que apresentou seus resultados no Fórum de Neurociência Europeia, em Amsterdã. "As crianças estão tentando aprender a ler com a mesma área do cérebro que é mais sensível ao reconhecimento de imagens reversas."


O próximo passo é testar crianças e adultos analfabetos para confirmar se sua VWFA é ativada em resposta às imagens de palavras no espelho, como prevê a teoria de Dehaene.

Outra questão é se a reciclagem da VWFA pode ter um custo. Imagens cerebrais preliminares de adultos alfabetizados e analfabetos sugerem que a habilidade de ler pode reduzir um pouco a habilidade de reconhecer e responder a faces -apesar de que mais estudos são necessários para confirmar se essa observação possui consequências comportamentais.

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