Ateu paraibano desafia pastor Estevão e Dom Aldo Pagotto para debate e alfineta: ‘as religiões são apenas fábulas’

Paulo Duarte da Silva, 36 anos, é pessoense, mas reside há muitos anos em Bayeux. Ateu assumido,pesquisador e graduando em Licenciatura Plena em História,Paulo é conhecido pela sua eloqüência em defesa das ciências, como também as críticas contundentes que faz contra as religiões e, naturalmente, em relação à crença sobre a existência em Deus.

O Portal a Fonte é Notícia, sempre com a marca da coragem e da imparcialidade, conversou com o jovem ateu para saber das suas opiniões consideradas ousadas e polêmicas sobre um assunto que é bastante delicado e que mexe com o mundo todo. Confira a entrevista:


A Fonte: Em sua opinião,o que é Deus?

Paulo Duarte: Deus para mim é apenas um conceito criado pela mente humana desde a idade antiga até aos dias de hoje, na realidade, as pessoas que não tem conhecimento nas ciências, tornam-se incapazes de lutar por suas próprias vidas, então passam a acreditar em Deus por se sentirem inseguras.Por estarem passando por problemas e por não terem capacidade de reagir,essas pessoas se refugiam na idéia de um ser supremo.


A Fonte: Então você não colocaria Deus na educação de seu filho?
Paulo Duarte: Não, colocaria a ciência, a racionalidade e a filosofia para que meu filho crescesse na realidade.

A Fonte: Se você estivesse vivo na época da ‘Santa Inquisição’, você manteria a sua posição de negar a existência de Deus?

Paulo Duarte: Manteria a ponto de ir para as fogueiras assim como aconteceu com muitos filósofos, a exemplo de Giordano Bruno, que foi condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana só por dizer que Deus era toda a natureza.

A Fonte: Você sempre foi ateu ? Como foi que você deixou de acreditar em Deus?

Paulo Duarte: Eu sou ateu convicto com base na ciência e na racionalidade, quando há dez anos a ciência me fez enxergar a realidade. Eu até acreditava em Deus, mas quando comecei a pesquisar, estudar, observar a filosofia e a ciência, isso me fez clarear a mente e também ter uma nova visão do mundo.

A Fonte: Você critica as religiões e a fé no mundo espiritual, mas você não acredita ser possível separar a fé da religião?

Paulo Duarte: Em minha opinião as duas coisas são inseparáveis, porque toda religião é baseada na fé, pois, quando alguém passa a ter uma religião precisa de ter fé para acreditar na doutrina que essa religião emite ao seu juízo.

A Fonte: Qual o maior mal que a religião causaria à humanidade?

Paulo Duarte: Para mim é o fanatismo, porque as pessoas deixam de enxergar a sua própria realidade e passa a ter uma vida de ilusão. A religião se tornou um produto do sistema capitalista, é um meio de sobrevivência, de se ganhar dinheiro, e como se ganha dinheiro? Explorando a fé das pessoas. A religião vende ‘mercadorias’ subjetivas,que é o paraíso, uma vida após a morte, estar ao lado de Deus, na companhia de Jesus, e para vender essas mercadorias não se paga nada, basta apenas ser bom de palavras e bom de eloqüência.

A Fonte: Mas do ponto de vista emocional, pesquisas científicas apontariam um efeito positivo que a fé proporcionaria ao ser humano, o que você diz sobre isso?

Paulo Duarte: Não é exatamente a fé que faz as pessoas se sentirem melhor, mas sim o pensamento positivo. A fé é algo subjetivo, já o pensamento positivo faz a pessoa querer o bem dela mesma, e fazendo isso, a pessoa vai se sentir melhor.

A Fonte: Pelo jeito você acredita que o mundo seria melhor sem religião?

Paulo Duarte: Lógico, o mundo seria bem melhor sem religião e se não existisse a idéia de Deus, porque o mundo seria mais humano, seria mais racional, seria mais voltado à ciência, seria mais voltado a uma maior conscientização do meio ambiente, da natureza como um todo, e seria menos capitalista, haja a vista, o maior produto do sistema capitalista se chama Jesus Cristo e Deus.

A Fonte: E o que é Jesus para você?

Paulo Duarte: Há dois pontos na história: um diz que Jesus existiu, que ele foi um revolucionário político, que teve um caso com Maria Madalena, e que por conta de suas idéias ameaçou o poder romano, quando este se sentiu ameaçado mandou crucificá-lo. O outro lado da história diz que Jesus nunca existiu, que ele foi apenas uma fábula criada pela Igreja Católica para poder manipular as pessoas durante séculos, até porque, Jesus nunca deixou nada escrito, não deixou nenhum documento comprovando a sua existência. Aliás, é provado cientificamente que Marcos, Lucas, Mateus e João nunca estiveram com Cristo, eles apenas teriam ouvido falar das fábulas sobre Jesus.

A Fonte: Mas quando alguém acredita em Jesus, num salvador do mundo, num redentor, isso acaba fazendo algumas pessoas a saírem de situações difíceis na vida, como vícios das drogas, da criminalidade, de problemas diversos, você não acha isso importante?

Paulo Duarte: Admito que sim, mas isso apenas freia os maus hábitos, pois se trata tão somente de uma troca de valores, quando se troca o ruim pela fé, e a fé, mesmo sendo algo ruim também, é menos ruim do que aqueles valores anteriores, ou seja, os vícios, a criminalidade, os desequilíbrios etc.

A Fonte: Já que você enaltece tanto o papel dos cientistas, um cientista tem mais valor do que Jesus?

Paulo Duarte: Claro que sim. Um cientista trabalha para o bem da humanidade, refiro-me aquele cientista que faz da ciência um instrumento positivo para o mundo, e não aquele que faz o mau uso da ciência.Então, se um cientista trabalha para o bem do mundo, este logicamente tem muito mais valor do que o suposto Jesus Cristo.


A Fonte: Se um dia você se encontrasse com Deus e ele lhe perguntasse: Por que você não acreditou em mim, o que você responderia?

Paulo Duarte: Eu diria: Não acreditei em você porque não havia provas suficientes, você deixou muito a desejar.

A Fonte: Mas se isso acontecesse você pediria perdão a Deus?

Paulo Duarte: Claro que não, porque a culpa seria dele e não minha.


A Fonte: Como você se sente como um ateu assumido, qual é o ‘peso’ de não acreditar em Deus?

Paulo Duarte: Em geral, as pessoas não estudam filosofia, história, ciências e não são pesquisadoras. Então elas se tornam pobres de pensamento e passam a ter uma visão muito negativa a respeito de um ateu. Na verdade, um ateu é alguém que tem uma opinião diferente por não acreditar em Deus, mas que tem a sua vida normal dentro de sua ética e sua moral, assim como qualquer outro cidadão na sociedade. É bom salientar que tem muitas pessoas que acreditam em Deus, porém, são piores do que os ateus, para comprovar, basta ir aos presídios e perguntar: Quem daí acredita em Deus? A maioria responderá que acredita. São pessoas que cometeram diversos tipos de crimes, assassinato, estupro, roubo. Ora, eles por acreditarem em Deus não deviam estar onde estão, então, os ateus não pode ser considerados como um grupo pior do que aqueles que acreditam em Deus.

A Fonte: Você recorre a ciência, a história e a filosofia para poder desmistificar a existência de Deus, mas o que falar dos acadêmicos, estudiosos que têm conhecimento científico e acreditam em um ser superior, eu mesmo sou acadêmico e acredito em Deus?

Paulo Duarte: Nesse caso, eu penso que é mais a emoção do que a razão, o primeiro estaria predominando sobre o segundo. Como a emoção no ser humano é maior do que a razão, essas pessoas permitem ser dominadas pela emoção.

A Fonte: Por falar em 'mundo' acadêmico, qual a sua avaliação sobre as Ciências das Religiões?

Paulo Duarte: Eu digo com toda a convicção que não vale apena fazer o curso das Ciências das Religiões na UFPB, porque é um curso manipulado por algumas pessoas, por isso eu o reprovo, porque esse curso é eivado por tendências religiosas.

A Fonte: Voltando a falar sobre as religiões, hoje há um crescente número de igrejas e denominações religiosas no Brasil e no mundo,isso não provaria que a religião tende cada vez mais a se proliferar?

Paulo Duarte: A religião está morrendo aos poucos, e quem a está matando é a ciência. “Deus está morto”, como já dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Com os avanços tecnológicos a religião vai se acabar para a ciência reinar. A engenharia genética, a clonagem humana, e outras grandes descobertas científicas estão matando a religião e com ela os dogmas sustentados.

A Fonte: Não há alguma religião pela qual você tenha menos aversão, ou para você todas são iguais?

Paulo Duarte: Tenho uma ligeira simpatia com o espiritismo, por entender que no espiritismo há alguns fundamentos lógicos, por ser basear na filosofia e nas ciências, Alan Kardec foi um grande gênio, isso eu não posso negar, todavia, não acredito em Deus, nem em Jesus nem na vida após a morte, portanto, jamais poderia aderir ao espiritismo.

A Fonte: Em relação a Deus, se por um lado não se pode provar a sua existência, por outro, não se pode provar a sua inexistência, como você analisa esse dilema?

Paulo Duarte: Na realidade, existem mil maneiras para provar que Deus existe, como também existem mil maneiras para provar que Deus não existe, entretanto, são maiores as evidências que apontam a inexistência de um deus.

A Fonte: Está bem claro que você não acredita em outro mundo além deste, mas como você reagiria se a sua mãe estivesse num leito de morte e lhe pedisse uma oração?Paulo Duarte: Eu responderia: eu não vou orar a Deus, mas vou apelar para que a ciência possa lhe curar.

A Fonte: Mas se o último pedido de sua mãe fosse para que você orasse a Deus por ela?

Paulo Duarte: Mesmo assim eu não oraria, pois eu não poderia ir de encontra aos meus princípios éticos, eu teria que ser realista para que eu não viesse a me contradizer em minhas convicções filosóficas científicas. Então eu diria: mãe, melhor apelar para a ciência, porque Deus não existe.

A Fonte: Você nunca sentiu a necessidade de ‘orar’ a um ser superior, seja na hora de dificuldade ou para agradecer por alguma coisa?

Paulo Duarte: Quando me olho no espelho eu digo para mim mesmo: se há de existir um deus, esse deus sou eu, eu sou o próprio deus manifestado no planeta terra.

A Fonte: Como você se sente quando alguém lhe diz: vá com Deus?

Paulo Duarte: A última vez que minha mãe me disse: Filho, vá com Deus, eu respondi – Mãe, é melhor andar só do que mal acompanhado.

A Fonte: Você tem noção do peso dessa frase: ‘melhor andar só do que mal acompanhado, referindo-se a Deus?

Paulo Duarte: Tenho sim, a propósito, eu gostaria de desafiar o Pastor Estevão e Dom Aldo Pagotto, ou qualquer autoridade religiosa de qualquer universidade para um debate em rádio ou em televisão, para que, mesmo respeitando a todos, eu dizer o que penso sobre as fábulas chamadas religiões.

A Fonte: Por defender idéias tão polêmicas, você já foi convidado a dar entrevistas em rádios e em TV na Paraíba. Você espera ser entrevistado também na mídia nacional?

Paulo Duarte: Sim,estou vendo a possibilidade de ser entrevistado no programa Roda Viva e no programa do Jô.Aliás, quero agradecer a você e a Fonte é Notícia pela coragem em abordar temas como este, é preciso que se faça reportagens responsáveis, imparciais e sérias como esta, parabéns e obrigado, só não posso dizer que 'Deus te abençoe' porque não acredito em Deus (risos dele), mas lhe desejo muita paz, sucesso e principalmente dinheiro no bolso, pois para mim: Meu deus é o dinheiro!


Da Fonte é Notícia: Ricardo Melo
ricardomelobrasiljp@hotmail.com

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