Coreia do Norte se diz aberta a diálogo com os EUA


da Reuters, em Hanói

colaboração para a Folha Online

A Coreia do Norte está disposta a dialogar com os Estados Unidos, disse nesta sexta-feira um diplomata local de primeiro escalão, nas primeiras declarações do regime comunista desde a visita do ex-presidente Bill Clinton a Pyongyang, na semana passada.

Nos últimos dias, a Coreia do Norte libertou duas jornalistas norte-americanas e um trabalhador sul-coreano, medidas que os analistas consideram que podem indicar uma mudança de tom depois das tensões provocadas pelos testes norte-coreanos de armas nucleares e mísseis nos últimos meses.

Questionado sobre a possibilidade de um diálogo com os EUA, o vice-chanceler Kim Yong-il disse a jornalistas em Hanói, por meio de um intérprete, que "sempre mantemos a porta aberta para negociações".

É raro que dirigentes norte-coreanos falem com jornalistas durante visitas ao exterior. Kim foi ao Vietnã para a segunda reunião anual de vice-chanceleres para a troca de opiniões políticas, segundo a chancelaria vietnamita. Os dois países têm regimes comunistas, ainda que o do Vietnã seja muito mais aberto que o da Coreia do Norte.

A imprensa oficial norte-coreana tem dito que o regime considera encerradas as negociações multilaterais para o fim do seu programa de armas nucleares, mas está sempre disposto a tentar a diplomacia com os EUA, desde que Washington abandone suas atitudes hostis.

O governo Obama disse não considerar a visita de Clinton à Coreia do Norte como um fator que irá mudar as relações bilaterais, e garante que a viagem ocorreu em caráter particular, para conseguir a libertação das duas jornalistas norte-americanas, e que o tema nuclear não foi discutido no encontro dele com o líder Kim Jong-il.

Na quinta-feira, a Coreia do Norte libertou um trabalhador sul-coreano que passou quase cinco meses preso sob a acusação de insultar os líderes locais. A medida pode atenuar a atual tensão entre as duas Coreias.

Testes

No ano passado, Washington retirou Pyongyang do chamado "eixo do mal" --expressão criada pelo ex-presidente George W. Bush (2001-2009)-- como parte dos acordos alcançados nas negociações para a desnuclearização do país.

No entanto, o regime norte-coreano seguiu com seu programa nuclear, realizando um teste subterrâneo em 25 de maio, que foi seguido pelo lançamento de mísseis de curto e médio alcance.

Após o teste, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou novas sanções contra o país.

O Estado comunista insiste que está desenvolvendo armas nucleares porque precisa se defender da hostilidade dos EUA. Muitos analistas acham, porém, que o enfermo ditador Kim Jong-il vê o arsenal nuclear como um patrimônio a ser usado para arrancar concessões da comunidade internacional.

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