Desarquivamento não implica compromisso com cassação
Nesta quarta, Paulo Duque diz se abre ação contra Virgílio
Romero Jucá articula a troca de uma absolvição por outra
Jarbas diz que ‘acordão’ seria nefasto para toda a oposição
Oficialmente, PSDB nega que esteja negociando um acordo
Depois dos embates que eletrificaram o plenário na semana passada, a crise do Senado entrou numa fase de preocupante banho-maria.
A terça-feira (11) começou com um café da manhã no apartamento do presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Presentes, seis senadores.
Além do anfitrião, Jarbas Vasconcelos (PMDB), Cristovam Buarque (PDT) e os tucanos Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e Marisa Serrano.
Coube a Jarbas a intervenção mais ácida. Propôs o bloqueio formal das votações em plenário, como forma de pressionar pela saída de Sarney.
Argumentou que não se tratava de uma idéia juvenil, mas pragmática. Ninguém o contestou. Mas não houve deliberação a respeito.
Sérgio Guerra mencionou notícia que dava conta da costura de um “acordão” no Senado. Coisa urdida para livrar a cara de Sarney e esfriar a crise. Refutou.
Tasso Jereissati levou à mesa algo que matutara no final de semana. Subiria à tribuna, para pedir desculpas pelo destempero.
Disse que o arranca rabo com Renan Calheiros não repercutira bem. Nivelara-se, por baixo, ao líder do PMDB. Pediu a opinião de Jarbas.
O amigo achou adequado que falasse, desde que ficasse claro que reagira a agressões e que não haveria afrouxamento.
No Senado, reuniram-se a bancada do PSDB e a do PT. Entre quatro paredes, os tucanos voltaram a exibir desconforto com o noticiário sobre acordo.
Àquela altura, corria pelos subterrâneos a informação de que Romero Jucá, líder de Lula, tricotava com a oposição uma troca de absolvições.
Tucanos e 'demos' livrariam aliviariam a barra de Sarney e o consórcio governista ajudaria a enterrar a representação do PMDB contra Arthur Virgílio.
Guerra, de novo, repisou a tecla de que não tomava parte de nenhum acordo. Na reunião do petismo, analisaram-se as representações contra Sarney.
Mercadante encaminhou a posição que vem defendendo desde a semana passada: o PT não pode deixar de abrir ao menos uma das 11 ações que pesam contra Sarney.
Obteve o assentimento dos presentes. Ideli Salvati e Delcídio Amaral, que destoam dos petistas que torcem o nariz para Sarney, não manifestaram discordância.
Decidiu-se o seguinte: o PT não topará desarquivar as ações que dizem respeito a casos externos ao Senado: Fundação Sarney e Operação Boi Barrica, por exemplo.
O partido ajudará, porém, a arrancar da gaveta as denúncias ou representações que digam respeito aos atos administrativos secretos do Senado.
A despeito da aparente concórdia, Mercadante dirigiu aos repórteres palavras estudadas. Disse que o PT não coonestaria o arquivamento em bloco das ações.
Mas qual delas seria desarquivada? Disse que o tema ainda estava sendo analisado.
À noite, em conversa com o blog, Mercadante foi mais assertivo: “As denúncias que tem a ver diretamente com o Senado, nós temos a obrigação de investigar”.
Sob o compromisso do anonimato, um dos petistas que participaram da reunião esmiuçou a estratégia:
“O partido deve votar a favor da reabertura de um ou outro processo. O que não significa compromisso prévio com a cassação do mandato do Sarney”.
Comandante da tropa que dá proteção a Sarney, o líder do PMDB, Renan Calheiros, queixou-se da posição do PT ao Planalto.
Renan insinuou que poderia engrossar o jogo. Mas Jucá, mais comedido, fazia-lhe o contraponto, desobstruindo os dutos de diálogo com a oposição.
Nesta quarta (12), Paulo Duque, o presidente do Conselho de (a)Ética, vai protocolar na Mesa diretora seu parecer sobre a representação contra o líder tucano Arthur Virgílio.
Na noite passada, Duque fazia mistério. Mas integrantes da milícia congressual de Renan diziam que ele daria curso à representação, abrindo-a.
Neste caso, supondo-se que o PT execute a estratégia que esboçou, os membros do conselho terão de julgar Sarney e Virgílio.
Os processos podem morrer no próprio conselho ou seguir para o plenário. A prevalecer a articulação de Jucá, tudo fenecerá no próprio conselho.
Conforme avisara, Tasso foi à tribuna para desculpar-se pelo rififi da semana passada. Pediu escusas à sociedade, aos pares e aos eleitores, não a Renan.
Teve o cuidado de mencionar que não deporia as armas. Apenas moderaria o discurso. Houve uma profusão de apartes.
Cristovam Buarque, um dos aparteantes, soou emblemático. Concordou com a moderação retórica.
Mas disse que “o clima de intimidações e subchantagens faz com que fique difícil recuar sem parecer medo”. Disse que nada poderia supor uma "brecha à firmeza".
Em diálogo com um amigo, Jarbas Vasconcelos disse descrer da hipótese de um grande acordo entre aliados e opositores de Sarney.
Jarbas emendou: “Um acordo desse tipo seria nefasto para toda oposição. Isso aniquilaria com a gente”.
blog do josias
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