PMDB paralisa Câmara para pressionar o governo


Depois de intimar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a colaborar com a absolvição do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) no Conselho de Ética, o PMDB já estipulou um novo preço por seu apoio à candidatura da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff nas eleições 2010. O partido agora exige do governo que libere o quanto antes o dinheiro das emendas dos parlamentares, previsto no Orçamento deste ano.

Na segunda-feira, a bancada do PMDB obstruiu as votações na Câmara e anunciou a que pretende manter a paralisação até que a equipe econômica apresente o cronograma de liberação das emendas, com as datas de desembolso do dinheiro para as obras nos municípios que são base eleitoral dos deputados. "Não pode a área econômica ficar se fazendo de surda e muda. Se é assim, aqui nós ficamos surdos e mudos também", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Segundo o vice-líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), somente 1 bilhão, dos 6 bilhões de reais referentes às emendas, foi liberado. Henrique Alves disse ao jornal O Estado de S. Paulo quem desde a semana passada, o Ministério do Planejamento ficou de apresentar as datas para liberação das emendas. Ele afirma que, na quinta-feira passada, em viagem ao Rio Grande do Norte, o presidente Lula fixou o prazo até segunda para que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apresentasse esse cronograma. "Estamos esperando", disse.

A atitude do PMBD provocou reflexo nas legendas menores. PR, PTB e PP, que já vinham defendendo a obstrução, também pretendem paralisar as votações até que as emendas sejam liberadas. Segundo o deputado Luciano Castro (PR-RR), a ordem no partido é "não votar mais nada". Ele argumenta que os prefeitos perderam arrecadação, receberam repasses menores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e precisam do dinheiro destinado pelas emendas para iniciar as obras. No ano que vem, os prefeitos serão um importante apoio para quem concorrerá às eleições.

Já o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), explica que a liberação de emendas é uma negociação usual e a dificuldade é provocada pela queda na arrecadação da União. "Meu papel é buscar uma solução, o diálogo", disse o deputado.

Revista Veja

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