Chávez fecha acordos econômicos com Irã e reforça "anti-imperialismo"


da Folha Online
 
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conclui neste domingo uma nova visita oficial ao Irã, que qualificou de "frutífera", após assinar uma série de acordos de cooperação financeira, comercial e industrial e renovar sua "aliança anti-imperialista" com o país, considerado um aliado estratégico. 
Em um longo segundo dia de reuniões, Chávez foi recebido em audiência privada pelo líder supremo da Revolução iraniana, o aiatolá Ali Khamenei, que fez um pedido para que a Venezuela lidere, junto com o Irã, uma nova "frente independente". 
Khamenei afirmou que as progressivas derrotas sofridas pelos Estados Unidos em diversas partes do planeta demonstram que o mundo está passando por uma inegável mudança. 
"Irã e Venezuela devem elevar seu atual nível de cooperação e se esforçar ao máximo para fomentar a nova frente independente", afirmou Khamenei, citado pela agência oficial de notícias Irna. 
Neste sentido, o líder supremo iraniano deu como exemplo a mudança experimentada pela América Latina e disse que a região já foi chamada de "quintal dos Estados Unidos" e que agora é testemunha do crescimento de um novo poder. 
"As vitórias e os sucessos das frentes de resistência se devem tanto ao esforço dos povos, quanto à grandeza de Deus", afirmou Khamenei, que ressaltou que os fracassos americanos são maiores, se comparados com os iranianos. 
Sobre as relações com a Venezuela, o líder supremo iraniano ressaltou que a cooperação política e a troca são vitais para aumentar o poderio. 
Além disso, ressaltou que, para se fortalecerem, é preciso elevar o nível de colaboração bilateral em setores como o industrial, o econômico, o bancário e o de transportes. 
Segundo a Irna, durante o encontro, fechado à imprensa, Chávez expressou sua alegria por esta nova visita ao Irã e disse que as reuniões com o presidente Mahmoud Ahmadinejad, também presente na audiência, foram "muito frutíferas". 
Horas depois, os dois presidentes foram para a cidade de Mashhad, a cerca de mil quilômetros ao leste de Teerã, onde Ahmadinejad tinha previsto presidir seu primeiro conselho de ministros. 
Em Mashhad, cidade considerada santa pelos muçulmanos xiitas, Chávez e Ahmadinejad esboçaram uma série de acordos destinados a desenvolver as regras para dirigir as relações entre os dois países nos próximos dez anos, determinadas em abril. 
No setor energético, os dois presidentes fecharam um acordo que autoriza o Irã a explorar um campo de petróleo na Venezuela e realizar projetos conjuntos na faixa petrolífera do Orinoco, em território venezuelano.
O valor do projeto é calculado em US$ 1,4 bilhão em investimentos, que será dividido em partes iguais, informaram fontes diplomáticas. 
A visita de Chávez a Teerã, que começou neste sábado, também evidenciou uma convergência política, em particular sobre o conflito que os dois países mantêm com os EUA. 
O presidente venezuelano defendeu o direito do Irã de desenvolver energia nuclear com fins pacíficos e assegurou que não existem provas de que o regime iraniano esteja buscando a construção de uma bomba atômica, como denuncia Washington. 
O Irã, por sua parte, voltou a reiterar sua rejeição à atuação de tropas americanas na Venezuela.
ainda no setor energético, a Venezuela se comprometeu a exportar 20 mil barris diários de gasolina ao Irã --grande produtor de petróleo, mas importador de derivados. 
Chávez anunciou que o valor do acordo chega a US$ 800 milhões, embora não tenha especificado sua duração. 
"Esta quantidade será depositada em um fundo estabelecido no Irã e servirá para financiar a compra de equipamentos e de tecnologia", acrescentou. 
Chávez anunciou ainda que a viagem conseguiu dar um impulso definitivo ao projeto do banco binacional Irã-Venezuela, inaugurado durante sua visita anterior, em abril, mas que ainda não tinha entrado em funcionamento. 
"Fechamos um acordo para injetar US$ 100 milhões nos próximos 30 dias", acrescentou. 
Fontes diplomáticas venezuelanas disseram que a visita oficial também serviu para discutir a criação de uma junta de acionistas, importante para as operações do banco. 
Após sua visita ao Irã, Chávez viaja para o Turcomenistão, na Ásia Central, onde abrirá negociações com o país pela primeira vez. 
Chávez se reunirá nesta segunda-feira com o presidente turcomeno, Kurbanguly Berdymukhamedov, com quem discutirá a possibilidade de desenvolver projetos bilaterais e de servir de ponte para acordos com países vizinhos. 
O objetivo é abrir uma porta em uma região rica em gás e petróleo, informaram fontes da delegação venezuelana. 
Com Efe

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