Com a candidatura presidencial à flor da pele, Dilma emocionou-se no finalzinho da solenidade petroleira, depois de ouvir de Lula elogios de pé de ouvido.
Deu-se pouco antes de o presidente do Senado, José Sarney, achegar-se à ministra, para cumprimentá-la.
Sumida havia mais de uma semana, Dilma voltou à cena para assumir o papel que Lula reservara para ela. O papel de senhora do pré-sal.
A rigor, o discurso pronunciado pela ministra era dispensável. Soou repetitivo em relação ao do colega das Minas e Energia, Edson Lobão, que falara antes dela.
Mas Dilma tinha de falar. A pedido de Lula, coordenara a elaboração das regras trazidas à luz. Era hora de faturar politicamente.
A sucessão presidencial pairou acima dos aspectos técnicos que revestem a exploração de um petróleo que só vai render dividendos monetários depois de 2015.
Desde logo, Lula como que besuntou sua candidata com o óleo que desafia a capacidade técnica da Petrobras, adormecido nas profundezas.
Na estratégia traçada por Lula, o lucro político vem antes do rendimento financeiro. A presença do tucano José Serra na platéia ajudou a compor o pano de fundo.
Favorito nas sondagens eleitorais, Serra é, hoje, o adversário potencial de Dilma. Ouviu, a contragosto, um discurso antecipa o embate de 2010.
Lula esfregou no bico de Serra o discurso plebiscitário que pretende levar aos palanques de sua sucessão.
De um lado, a era FHC, personificada no candidato tucano. Do outro a fase Lula, que Dilma se dispõe a aprofundar.
A imagem de uma Dilma chorosa vem a calhar. Contrasta com a fama de gerentona implacável que João Santana, o marqueteiro de Lula, deseja dinamitar.
Dilma teve a alma amolecida pelo câncer linfático contra o qual se debate, em fase final de tratamento. Imagina-se que a briga contra a doença lhe renderá votos.
Depois da pecha de mentirosa que lhe pespegou a ex-secretária da Receita Lina Vieira, Dilma passou a lidar com um novo obstáculo.
Absolvido no STF, Antonio Palocci foi pendurado nas manchetes como regras três de Lula. Uma alternativa a Dilma.
Em privado, o presidente afasta de Dilma o fantasma da substituição. Diz, em timbre peremptório, que a candidata é a ministra. Algo que a pajelança do pré-sal tonificou.
O petróleo que ainda não jorrou escala o palanque de Dilma nas pegadas de outras iniciativas do governo que têm apelo mais promocional do que prático.
Ronado Caiado, líder do DEM na Câmara, resume o dilema da oposição: “O PAC empacou. A execução do Minha Casa, Minha Gente mal passa dos 20%...”
“...Agora, o petróleo que só virá daqui a, no mínimo, dez anos. Lula mexe com o emocional das pessoas. Tudo se reduz a marketing”.
Resta saber como reagirá o eleitor.
blog do josias

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