Atualizado às 19h07.
Os Estados Unidos advertiram nesta quarta-feira que o Irã está perto de alcançar a capacidade de produzir uma arma nuclear, e juntou-se grandes potências europeias em pressionar Teerã para "virar a página" e iniciar um diálogo para provar o seu programa nuclear é pacífico.
Glyn Davies, o principal enviado americano à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse que o último relatório da agência nuclear mostra que Teerã já possui ou está muito perto de possuir suficiente urânio pouco enriquecido para produzir uma arma nuclear, se for tomada a decisão de enriquecê-lo ao nível necessário para a produção de armas.
"Esta atividade de enriquecimento em curso [...] leva o Irã para perto de uma possível capacidade perigosa e desestabilizadora", disse Davies a representantes AIEA em Viena.
"Tomada em conexão com a recusa do Irã de cooperar com a AIEA [...] temos sérias dúvidas de que o Irã está deliberadamente tentando, no mínimo preservar uma opção de [produzir] armas nucleares", afirmou Davies.
O último relatório da agência descreve que o Irã tem agora, no mínimo, 1.430 kg de hexafluoreto de urânio pouco enriquecido, acrescentou o americano.
"Estamos muito preocupados, mas não precisamos entrar em pânico, pois não observamos desvios de materiais nucleares e não constatamos a presença de elementos de armas nucleares. Não temos informações neste sentido", disse nesta quarta-feira o diretor-geral da AIEA, Mohamed el Baradei.
O Irã insiste que seu programa é pacífico e visa a gerar eletricidade. Mas os EUA e seus aliados afirmam o país está secretamente tentando construir uma bomba.
Nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manuchehr Mottaki, entregou aos representantes das grandes potências em Teerã um novo pacote de propostas sobre o programa nuclear, com o objetivo oficial de criar "uma nova oportunidade para discussões na perspectiva de uma cooperação mútua".
O documento foi entregue aos embaixadores da Rússia, China, França, Reino Unidos e Alemanha, assim como à embaixadora da Suíça, que representa os interesses americanos no Irã, um exemplar das propostas iranianas durante uma breve cerimônia organizada no chancelaria.
Na terça-feira, o chanceler iraniano Manuchehr Mottaki anunciou que as propostas haviam sido atualizadas, levando em consideração os processos desenvolvidos no mundo.
Detalhes da propostas não foram imediatamente revelados, mas na segunda-feira (7) o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu país não vai suspender o enriquecimento de urânio, nem negociar os seus direitos nucleares, mas está pronto para sentar-se e conversar com as potências mundiais sobre "desafios globais".
Mas esses gestos não foram suficientes para acalmar o Ocidente. A União Europeia se disse nesta quarta-feira em Viena "muito preocupada" com a recusa do Irã em esclarecer a existência de pesquisas supostamente conduzidas para fabricar um míssil nuclear, e El Baradei conclamou o Irã a não deixar escapar a proposta de diálogo do presidente dos EUA, Barack Obama.
O presidente americano, junto a seus aliados europeus, deu ao Irã até o final de setembro para aceitar uma oferta de negociações nucleares com seis potências mundiais, que inclui incentivos ao comércio para que o país suspenda as atividades de enriquecimento de urânio.
Se não aceitar a oferta, o Irã poderá enfrentar sanções punitivas mais severas. O país já desafiou três séries de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas desde 2006 por sua recusa em congelar o enriquecimento de urânio.
Com Associated Press e France Presse

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