Líderes europeus relembram 70 anos do início da Segunda Guerra


da Associated Press, em Gdansk (Polônia)

Antigos inimigos e aliados marcaram nesta terça-feira o 70º aniversário do início da Segunda Guerra (1939-1945), sublinhando a necessidade de relembrar o mais sangrento conflito do século 20 para não repeti-lo. 
 
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin --cujo país estava ao lado da Alemanha nazista durante a invasão da Polônia em 1939, disse que a guerra e suas causas devem ser estudadas sob todas as perspectivas.
"Devemos examinar tudo o que acabou provocando a tragédia de 1º de setembro de 1939", afirmou Putin, ao lado do primeiro-ministro polonês Donald Tusk, após duas reuniões realizadas antes das comemorações oficiais. "Devemos fazer isso para que essa tragédia nunca mais aconteça." 
Os líderes da Polônia se reuniram ainda de madrugada na península Westerplatte, em Gdansk, para marcar o exato momento em que o encouraçado alemão Schleswig-Holstein, no tiro de início da guerra, atingiu um pequeno posto militar polonês que abrigava arsenal da Marinha. 
Cerimônias na Polônia marcam 70º aniversário do início da 2ª GuerraBandeiras polonesas vermelhas e brancas tremulavam enquanto as autoridades deram início à cerimônia às 4h45 (23h45 em Brasília), colocando coroas de flores nos pés de um monumento aos defensores de Westerplatte. Uma guarda de honra observava. 
"Westerplatte é um símbolo, um símbolo da luta heroica dos fracos contra os fortes", disse o presidente Lech Kaczynski. "É uma prova de patriotismo e de um espírito inquebrantável. Glória aos heróis daqueles dias, glória aos heróis de Westerplatte, glória a todos que lutaram na Segunda Guerra contra o nazismo alemão e o totalitarismo bolchevique." 
Tusk alertou sobre os perigos de se esquecer as lições da guerra. 
"Nos reunimos hoje aqui para lembrar quem começou a guerra, quem era o culpado, quem era o carrasco da guerra, e quem eram as vítimas dessa agressão", afirmou. 
"Nos reunimos aqui para relembrar isso, porque nós poloneses sabemos que, sem essa memória --memória honesta sobre a verdade, sobre as fontes da Segunda Guerra -- a Polônia, a Europa e o mundo não estarão seguros." 
Início
 
O ataque alemão inicial à Polônia deu início a mais de cinco anos de guerra que iria envolver o mundo e resultar na morte de mais de 50 milhões de pessoas enquanto a máquina de guerra da Alemanha avançava pela Europa.

Apenas a Polônia perdeu 6 milhões de cidadãos, metade deles judeus. Durante a ocupação alemã, o país foi usado como base para o maquinário de genocídio nazista. Na Polônia ficava Auschwitz, Majdanek, Sobibor e outros campos de concentração construídos para aniquilar os judeus da Europa. 
No auge da guerra, o teatro europeu se estendeu do norte da África para arredores de Moscou, e colocou a Alemanha e seu aliados, incluindo a Itália, contra o Reino Unido, a França, a União Soviética e os Estados Unidos, juntamente com uma série de outros países, incluindo forças polonesas no exílio. 
A guerra na Europa terminou em 8 de maio de 1945, com a rendição incondicional da Alemanha. 
O presidente americano, Barack Obama --que não compareceu às cerimônias desta terça-feira--, enviou uma mensagem afirmando que hoje, como um membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a Polônia é protegida por uma crença que diz que um ataque contra um é um ataque contra todos. 
"Celebramos juntos a determinação do povo da Polônia em lutar contra o autoritarismo e em escolher a democracia e a liberdade", disse Obama na mensagem. "Hoje, vivemos em uma era diferente na qual os EUA e a Polônia são aliados próximos, parceiros no enfrentamento de desafios globais as nossas segurança e prosperidade, e em apoiar os direitos humanos fundamentais em todo o mundo." 
Mais cedo, a chanceler alemã, Angela Merkel, que participou da comemoração, disse à emissora de TV ARD que seu país não deve jamais esquecer as "causas e os efeitos" da guerra. 
"A Alemanha atacou a Polônia", ela disse. "Causamos uma interminável dor ao mundo." 
Cerca de 20 líderes e autoridades europeias, incluindo o primeiro-ministro francês, François Fillon, e o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Miliband, participaram das cerimônias ao lado de Merkel e Putin. 
O governo dos EUA foi representado pelo conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, James Jones, o que decepcionou a Polônia, que vê Washington como um aliado histórico.

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