Novas denúncias de pedofilia envolvem Igreja Católica da Bélgica


da Efe, em Bruxelas
da Reportagem Local

A comissão da Conferência Episcopal da Bélgica, encarregada de investigar abusos sexuais dentro da Igreja Católica, recebeu dezenas de novas acusações de pedofilia neste final de semana. Na sexta-feira (23), o papa Bento 16 aceitou a renúncia do bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, 73, que admitiu ter abusado sexualmente de um rapaz por um longo período.



O porta-voz de imprensa da Conferência Episcopal Belga, Eric De Beukelaer, confirmou hoje que foram recebidas entre 30 e 40 novas denúncias, sem revelar o número exato "por motivos de confidencialidade".
Edwin Fontaine/Reuters
Roger Vangheluwe, bispo de Bruges, em fotografia de 2006; novas denúncias de pedofilia atingem igreja da Bélgica
Roger Vangheluwe, bispo de Bruges, que renunciou após admitir abusos; novas denúncias de pedofilia atingem igreja da Bélgica
Segundo ele, após a saída de Vangheluwe, o presidente da Conferência Episcopal belga, o arcebispo André-Joseph Léonard, pediu que as vítimas denunciem os abusos, embora a maior partes dos casos tenham ocorrido "há muito tempo".

A imprensa belga divulgou hoje uma "onda" de novas denúncias de vítimas que poderiam ter sofrido abusos sexuais por padres na Bélgica, em sua maioria no passado. Algumas dessas vítimas já poderiam até ter morrido.

Em relação ao número de denúncias, o jornal "Het Laatste Nieuws" afirma que foi recebida uma dezena. Já o "De Morgen" fala de "várias dezenas", enquanto os periódicos "Het Nieuwsblad" e "De Standaard" mencionam até 40 acusações.
Renúncia

Vangheluwe -- que era bispo há 25 anos e o religioso há mais tempo no cargo na Bélgica-- apresentou sua renúncia ao papa após admitir ter abusado de um jovem --seu sobrinho, segundo vários meios de comunicação belgas-- no final dos anos 1980.

"Quando eu ainda era padre e durante um período quando me tornei bispo, abusei sexualmente de um jovem que fazia parte de minha equipe", disse o belga Vangheluwe, em um comunicado divulgado em entrevista coletiva em Bruxelas, à qual o bispo não esteve presente.

"Eu me arrependo profundamente do que fiz e apresento minhas mais sinceras desculpas à vítima, a sua família, à comunidade católica e à sociedade em geral", afirmou.

"A vítima ainda está marcada pelo que aconteceu. Ao longo dessas décadas, eu repetidamente reconheci minha culpa a ele e a sua família, e pedi por perdão. Mas isso não trouxe paz a ele, assim como não trouxe paz para mim."

Vangheluwe nasceu na cidade de Roeselare e foi ordenado padre em Bruges aos 26 anos. Ele foi indicado como bispo da cidade histórica em 1984, aos 48 anos, cargo que manteve por 25 anos até sua renúncia nesta sexta-feira. Ele deveria se aposentar no ano que vem.

Outros casos

Na quinta-feira (22), o papa finalmente aceitou a renúncia do bispo irlandês James Moriarty, o terceiro bispo da Irlanda a deixar o cargo só nos últimos quatro meses.

Moriarty entregou sua renúncia em dezembro do ano passado, depois que um relatório oficial o incluiu numa lista de líderes da igreja na arquidiocese de Dublin que encobriram casos de abusos de crianças cometidos por padres por 30 anos. Ele foi bispo auxiliar de Dublin por 11 anos, antes de ser nomeado em 2002 bispo de Kildare e Leighlin.

Na Alemanha, o bispo de Augsburg (no sul do país), Walter Mixa, também apresentou pedido de renúncia a Bento 16 após acusações de violência física contra alunos de um orfanato nos anos 1970 e 1980.

O bispo provocou uma grande polêmica no país depois da recente publicação na imprensa dos depoimentos de ex-alunos do orfanato católico de Schrobenhausen, que o acusaram de violências físicas quando ele era padre na região.

Depois de ter negado em um primeiro momento as acusações, o bispo Mixa admitiu ter cometido os abusos aos alunos no período em que esteve à frente do orfanato, e pediu desculpas pelos seus atos.

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