Novos disparos trazem temor de mais violência no Quirguistão; ao menos 75 morreram



da Reportagem Local


Repórteres das agências de notícias France Presse e Associated Press relatam disparos de armas automáticas em Bishkek, capital do Quirguistão, um dia após os violentos confrontos entre a polícia e manifestantes da oposição que deixaram ao menos 75 mortos.



A polícia da capital não se pronunciou ainda.

Segundo a agência de notícias Associated Press, os disparos ocorreram pouco após o pronunciamento do presidente de que não renunciaria ao cargo, mesmo diante dos protestos.

Não se sabe ainda se os tiros foram resultado do confronto das forças de segurança, controladas pela oposição, com apoiadores do presidente Bakiyev ou tiros vindos das forças de segurança para deter vândalos e saqueadores com o cair da noite na capital.
Vladimir Pirogov/Reuters
Pessoas passam pelos destroços de um caminhão incendiado durante protestos em Bishkek; novos disparos
Pessoas passam pelos destroços de caminhão incendiado em Bishkek; novos disparos foram registrados

Nesta quarta-feira, milhares de opositores protagonizaram uma revolta violenta contra o governo do presidente Kurmanbek Bakiyev, que foi obrigado a fugir para o sul do país, onde fica seu reduto político.

Tiroteios esporádicos já haviam sido registrados durante a madrugada desta quinta-feira em Bishkek, enquanto multidões saqueavam lojas e corriam por ruas repletas de destroços e vidros, assoviando e agitando as bandeiras vermelhas do país. Muitos prédios continuavam em chamas, inclusive a sede da procuradoria-geral.

A agência local de notícias Kabar disse que os saqueadores atacaram e queimaram uma casa pertencente à família de Bakiyev.

O presidente afirmou nesta quinta-feira que não renunciará, apesar da líder opositora, Roza Otunbayeva, ter autoproclamado o governo interino.

Bakiyev advertiu ainda que os líderes opositores deverão responder diante da Justiça pela desestabilização da ex-república soviética da Ásia central e alertou o risco de um iminente desastre humanitário, após a morte de ao menos 75 pessoas nos confrontos entre opositores e polícia.

As declarações foram repercutidas pela a agência de notícias quirguiz 24kg, que diz ter recebido um comunicado por e-mail. Esta é a primeira vez que o governo rompe o silêncio que marcou o golpe desta quarta-feira, quando manifestantes tomaram conta de vários prédios do governo e da televisão estatal.

Raimkul Attakurov, embaixador quirguiz em Moscou, na Rússia, disse que o presidente quirguiz prepara um discurso ao povo, "que será feito público em breve".

Milhares de partidários do presidente esperam na praça central da cidade meridional de Jalal-Abad pelo seu discurso, segundo a agência de notícias Efe.

Otunbayeva disse que não teve contato com Bakiyev e que não tinha ideia do seu paradeiro. "Queremos negociar sua renúncia. Seus negócios aqui acabaram. As pessoas que foram mortas ontem são vítimas de seu regime".

Seis meses
Arte/Folha Online

Otunbayeva disse ainda nesta quinta-feira que o Parlamento estava dissolvido e que ela liderará o governo interino por seis meses, até a realização de eleições "limpas e justas".
Durante uma conversa por telefone com Vladimir Putin, primeiro-ministro russo, Otunbayeva afirmou que a oposição controla "plenamente" a situação, os corpos de segurança e as Forças Armadas.

Ela pediu ainda que Bakiyev, a quem apoiou na chamada Revolução das Tulipas há cinco anos, renunciasse formalmente.

A ex-ministra de Relações Exteriores disse também que o governo interino controla todo o país, com exceção de Osh e Jalal-Abad, com apoio das Forças Armadas e Guarda de Fronteira.

Revoluções

O presidente chegou ao poder graças à Revolução das Tulipas, que há cinco anos derrubou o primeiro presidente do Quirguistão pós-soviético, Askar Akayev, acusado de corrupção, nepotismo e reprimir a oposição.

Cinco anos depois, Bakiyev está enfrentando acusações semelhantes de uma oposição que diz que ele tem sacrificado as normas democráticas para manter a paz e consolidar o poder nas mãos de seus irmãos e filho.

Bakiyev, do sul do país, irritou os clãs de Bishkek, Talas e outras regiões ao apontar seus próprios aliados para cargos importantes.

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