Para Garcia, EUA podem ocupar o Irã devido a armas nucleares



GABRIELA GUERREIRO
da Sucursal de Brasília

Em meio às ameaças internacionais de sanções ao Irã por suposta produção de armas nucleares, o assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse nesta terça-feira acreditar na possível ocupação militar do país persa pelos Estados Unidos. Garcia disse que há um movimento contrário ao país "difícil de ser parado", o que poderia resultar na sua ocupação por forças militares.

"O problema é o seguinte: quando se começa um determinado movimento, parar esse movimento às vezes é difícil. Você não consegue pôr a pasta de dentes para dentro do tubo, empurrar para fora é muito fácil", afirmou.

Ao comparar a situação do Irã com a pasta de dentes, Garcia disse que "já tiraram a tampinha" --numa sinalização de que a ocupação militar do país poderia ocorrer em curto prazo. Na opinião do ministro, a eventual invasão do Irã pode trazer danos mundiais diante da tensão na região.

"Um ataque ao Irã teria efeito muito superiores àquele que teve a ação contra o Iraque nos anos 90 e, depois, no ano 2000. O Irã não é o Iraque, são países diferentes, é um país com grande civilização. Não é uma construção abstrata como foi o Iraque pós 2ª. Guerra. É um país no qual teríamos problemas extremamente graves", afirmou.

Garcia disse que o Brasil vai insistir no diálogo com o Irã para evitar sanções internacionais ao país. "Estamos dialogando com o Irã, ele está aceitando esse diálogo. Se o Irã disser que não quer conversar, aí tudo bem. O tema do Irã não é bilateral, é multilateral."

Negociações

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, pediu nesta terça-feira ao Irã e às potências mundiais que demonstrem flexibilidade nas negociações de um acordo sobre o programa nuclear iraniano. Amorim disse ainda que o Irã deve garantir que seu programa nuclear não tem objetivos militares.

O ministro brasileiro, que visita o Irã em antecipação à chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, insistiu ainda na retomada das negociações de um acordo sobre o controverso programa nuclear iraniano, que levou o Ocidente a buscar uma quarta rodada de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança.

O Brasil, membro temporário do Conselho de Segurança, tem resistido à pressão dos Estados Unidos por novas sanções e insistido que a negociação é ainda o melhor caminho.

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