Pentágono diz que EUA não descartam uma ação militar contra o Irã


da Reuters
Colaboração para a Folha

Uma ação militar dos Estados Unidos contra o Irã permanece sendo uma opção mesmo os EUA tentando usar diplomacia e sanções para barrar o programa nuclear do país do Oriente Médio, afirmou nesta quarta-feira o Pentágono.

"Não estamos descartando nenhuma das opções enquanto buscamos o caminho da pressão e do comprometimento", disse o secretário de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell. "O presidente sempre tem à sua disposição uma série de opções, inclusive o uso da força militar... Está claro que não é nosso caminho de ação preferido, mas nunca foi, nem está, descartado."

Morrell respondia a questões sobre comentários de Michele Flournoy, subsecretária para políticas de defesa dos EUA, em Cingapura. "A opção militar é uma opção de último caso. Não é uma opção preferida", disse Flournoy a jornalistas. "Não está em questão no curto prazo."

O Ocidente acusa o Irã de desenvolver um programa nuclear com fins militares, mas Teerã defende que a finalidade é pacífica e se recusa a negociar.

Testes nucleares

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, denunciou nesta quarta-feira as "ameaças nucleares" dos Estados Unidos contra o país, e indicou que sua força militar de elite realizará exercícios de guerra em uma rota marítima crucial para o transporte de petróleo.

Os exercícios da Guarda Revolucionária no Golfo Pérsico e no Estreito de Hormuz, nesta semana, ocorrem em meio à crescente tensão entre o Irã e o Ocidente, que teme que o programa nuclear de Teerã seja destinado para a construção de armas nucleares, o que é negado pelo Irã.

O país também reage com indignação ao que considera uma ameaça do presidente norte-americano, Barack Obama, de atacá-lo com armas nucleares.

"A comunidade internacional não deveria permitir que Obama tenha sucesso com suas ameaças nucleares", disse o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, nesta quarta-feira.

"Não permitiremos que a América renove seu domínio abominável sobre o Irã ao usar tais ameaças", disse ele a um encontro de enfermeiras iranianas, segundo a agência de notícias Fars.

O general de brigada Hossein Salami disse que três dias de manobras serão iniciadas na quinta-feira e mostrarão a força marítima da Guarda Revolucionária, informou a Fars.

"Provocadores do Ocidente"

No sábado (17), durante uma conferência de desarmamento nuclear realizada em Teerã em resposta a um encontro em Washington para o qual não foi convidado, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que pretende reagir a "provocadores" que detenham armas nucleares.

O Irã afirmou que 60 países estavam representados em sua conferência, incluindo "sete ou oito" ministros das Relações Exteriores e os vices-ministros de China e Rússia--duas grandes potências que o Ocidente pressiona para aceitar novas sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear.

Com novas sanções cada vez mais prováveis, o presidente Mahmoud Ahmadinejad usou seu discurso na conferência para criticar os "provocadores" que tentavam impedir o Irã de ganhar conhecimento em questões nucleares que alega ser para propósitos puramente pacíficos.

"Infelizmente, o governo norte-americano usou armas nucleares e ameaçou oficialmente usar armas nucleares", disse Ahmadinejad a delegados no centro de conferências da emissora estatal IRIB.

"Quando aqueles que possuem armas nucleares e usam essas armas têm um direito desigual de veto no mais alto órgão responsável pela segurança internacional, isso não significa incentivar os outros a proliferar armas nucleares para prover segurança nacional?", perguntou.

Um plano de sanções dos EUA propõe novas restrições ao sistema bancário iraniano, um embargo total sobre as armas, medidas mais rígidas para cargas vindas do Irã e contra membros da Guarda Revolucionária do país e empresas que eles controlam, além da proibição de novos investimentos no setor de energia da nação.

Enquanto Washington espera que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprove as sanções nas próximas semanas, Ahmadinejad disse que não irá implorar para evitar as medidas, e que elas não são um risco significativo ao quinto maior exportador de petróleo do mundo.

"O Conselho de Segurança abertamente se tornou uma ferramenta para a implementação de políticas de alguns poucos governos provocadores", afirmou.

Ele pediu mudanças na estrutura do conselho e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que segundo ele se tornou "uma alavanca política" contra os países não-nucleares. A AIEA afirmou em fevereiro que o Irã pode estar construindo uma bomba atômica.

Ahmadinejad afirmou que um novo órgão da ONU deveria supervisionar o desarmamento global e que os Estados que possuem ou ameaçam o uso de armas nucleares deveriam ser suspensos da AIEA.

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