Presidente do Irã diz que poder de veto da ONU é "satânico"


da Reuters, em Teerã (Irã)
colaboração para Folha

No mesmo dia em que o chanceler brasileiro, Celso Amorim, visita o Irã, e a menos de um mês da ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad classificou como "satânico" o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e o poder de veto de seus cinco membros permanentes, informou a agência de notícias iraniana Isna.



Ahmadinejad, que frequentemente critica o Ocidente, afirmou que o poder de veto mantido por Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Rússia é destinado a "oprimir e destruir a verdadeira natureza da humanidade e é um instrumento satânico".

Os comentários foram feitos em meio à tensão crescente entre a república islâmica e o Ocidente por causa do programa nuclear de Teerã, com os EUA pressionando por novas sanções da ONU contra Teerã.
Reuters
Ministro Celso Amorim (esq.) se reúne com o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani (dir.) para discutir plano nuclear
Ministro Celso Amorim (esq.) se reúne com o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani (dir.) para discutir plano nuclear
Washington e seus aliados suspeitam que o Irã esteja tentando desenvolver bombas nucleares. Teerã nega a acusação e afirma que sua atividade nuclear destina-se a gerar eletricidade.

Um documento preliminar dos EUA por uma quarta rodada de sanções da ONU propõe mais restrições aos bancos iranianos, embargo de armas, medidas mais duras contra a marinha mercante iraniana, ações contra membros da Guarda Revolucionária e a proibição a novos investimentos no setor de energia do Irã.

Teerã tem mantido um tom de provocação, dizendo que o país está preparado para trocar seu urânio de baixo enriquecimento por combustível de grau maior enriquecido no exterior mas insiste que isso deve ocorrer em solo iraniano.

Apoio

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, agradeceu hoje ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, pelas declarações de apoio ao programa nuclear iraniano e deu boas-vindas à oferta brasileira de mediar um acordo com a comunidade internacional.

Larijani recebeu Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã.

O parlamentar, citado pela agência de notícias local Mehr, não deu detalhes sobre que papel o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica sobre seu programa nuclear.

Larijani disse ainda que o clamor e a propaganda feita pelas potências distorce a imagem das atividades nucleares do Irã, que tem exclusivamente fins pacíficos. Ele alertou ainda que este esforço não vai reduzir a resolução iraniana em obter combustível nuclear.

"Emitir resoluções e impor sanções contra o Irã não são formas amigáveis de interagir com o Irã", diz.

Pacífico

Mais cedo, Amorim reiterou o respaldo do Brasil ao direito do Irã de desenvolver tecnologias nucleares com fins civis, após um encontro durante a manhã com Said Jalili, o principal negociador iraniano para a questão nuclear.

"Defendemos para o povo iraniano o mesmo que para o povo brasileiro, ou seja, o direito a desenvolver atividades nucleares pacíficas", disse Amorim.

Brasília pleiteia há tempos um papel nas negociações com o Oriente Médio e com o Irã. O governo brasileiro é uma das únicas vozes públicas em defesa do programa nuclear do Irã e rejeita o esforço americano por uma quarta rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU.

Segundo o ministério das Relações Exteriores do Irã, os contatos de Amorim estarão centrados nos "direitos do Irã de explorar suas competências científicas dentro das regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e nas últimas discussões sobre a obtenção pelo Irã de combustível nuclear, necessário para o reator de pesquisas de Teerã".

O presidente Lula visitará o Irã nos dias 16 e 17 de maio.

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