Premiê de Israel lamenta mortes, mas defende ataque a frota




O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, lamentou nesta segunda-feira a morte de pelo menos nove ativistas pró-palestinos no ataque de forças de Israel a navios que levavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza, mas disse que soldados do país agiram em legítima defesa no incidente.

"Nossos soldados tiveram que se defender, defender suas vidas", disse Netanyahu no Canadá, antes de embarcar de volta a Israel. Antes, Netanyahu – que cancelou uma viagem que faria a Washington – havia expressado "apoio total" aos militares do país.

O presidente americano, Barack Obama, lamentou o ataque israelense e disse que os dois líderes concordaram em reagendar o encontro que teriam na capital americana para outra data.

A Casa Branca disse que os Estados Unidos "lamentam profundamente" a perda de vidas e indicou que espera saber mais detalhes sobre as circunstâncias do ocorrido, mas não condenou o ataque de Israel.

O porta-voz do departamento de Estado americano P.J. Crowley disse que o governo americano "apoia aumentar a quantidade de mercadorias para Gaza. Mas isto deve ser feito sob um espírito de cooperação, não de confronto".

ONU

O Conselho de Segurança da ONU fez uma sessão de emergência nesta segunda-feira para discutir o ataque israelense.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a realização de uma ampla investigação sobre o caso, afirmando que “Israel deve explicações”.

A Liga Árabe também marcou uma reunião de emergência, que deve ocorrer na terça-feira.

A frota de seis navios, levando cerca de 700 pessoas e dez mil toneladas de ajuda à Faixa de Gaza, partiu do Chipre na noite de domingo e esperava chegar no território palestino, sob embargo de Israel, na manhã de segunda-feira quando foram atacados em águas internacionais.

Os detalhes do incidente não estão claros. Militares israelenses dizem que seus soldados invadiram o navio principal e foram recebidos com violência, alegação rejeitada pelos ativistas.

Os organizadores dizem que pelo menos 30 pessoas ficaram feridas. Israel diz que dez de seus soldados se feriram.

Os navios do comboio foram conduzidos ao porto israelense de Ashdod, onde os ativistas devem ser deportados.

Entre os ativistas, estava a britânica Mairead Corrigan Maguire, vencedora do Nobel da Paz de 1976, e a cineasta brasileira Iara Lee.


Manifestações contra ação israelense ocorreram em vários países.

Lado israelense

Por meio de uma nota, divulgada pelo governo israelense, o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, defendeu o ataque, dizendo que as pessoas a bordo do navio invadido não estavam em missão de paz e são terroristas.

O chanceler ressaltou que todas as tentativas de Israel de dialogar com os organizadores da flotilha foram rejeitadas.

O governo israelense também voltou a defender o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, dizendo que ele é legal e justificado.


Militares israelenses estão em estado de alerta nas fronteiras com Gaza, a Síria e o Líbano, além de ao redor de Jerusalém, Cisjordânia e áreas árabes no norte de Israel, devido ao temor de instabilidade em reação ao ataque.
Reações

O comentarista político da BBC Jonathan Marcus disse que as mortes ameaçam tornar "o que seria inevitavelmente um desastre de relações públicas para Israel em uma calamidade total".

O Itamaraty emitiu uma nota, manifestando indignação com o ocorrido e informando que o embaixador israelense em Brasília foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o caso.


A Turquia, aliado israelense no Oriente Médio, convocou seu embaixador em Tel Aviv e o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, chamou o ocorrido de “terrorismo de Estado”.

Acredita-se que a maior parte dos ativistas a bordo dos navios era turca.

Uma manifestação em frente ao consulado israelense em Istambul reuniu cerca de 10 mil pessoas.

Protestos ocorreram também em capitais do Oriente Médio, Londres, cidades na Grécia e no Paquistão.

A ministra das Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, pediu às autoridades israelenses a abertura de um “inquérito pleno” sobre a ação e disse que o bloco reitera seu pedido para que as fronteiras de Gaza sejam abertas à entrada de ajuda humanitária, bens e pessoas.

Muitos dos ativistas a bordo dos barcos eram cidadãos europeus.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, lamentou as mortes e pediu pelo fim do bloqueio a Gaza.

A Grécia suspendeu exercícios militares conjuntos que faria com Israel. O país, Suécia, Espanha, Dinamarca e Egito convocaram os embaixadores israelenses para explicações.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, descreveu a ação como "um massacre" e declarou três dias de luto na Cisjordânia. Ismail Haniya, líder do governo liderado pelo Hamas em Gaza, classificou o ataque como “brutal” e pediu à ONU que intervenha.

O bloqueio israelense foi imposto a Gaza desde que o grupo Hamas assumiu o controle do território em 2007.

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