Comandante dos EUA no Afeganistão é convocado por Washington



General Stanley McChrystal
O general Stalney McChrystal pediu desculpas pelos comentários
O mais alto comandante militar dos EUA no Afeganistão foi chamado de volta a Washington nesta terça-feira, devido à polêmica causada por um artigo em que ele critica altos funcionários do governo de Barack Obama, entre eles o vice-presidente, Joe Biden, e diplomatas americanos.
O general Stanley McChrystal, comandante das forças da Otan no Afeganistão, pediu desculpas pelas declarações feitas no texto, que deve ser publicado sexta-feira na edição americana da revistaRolling Stone. McChrystal diz que o artigo incorre em “erro de julgamento” e "falta de integridade".
Um porta-voz do Comando do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike Mullen, disse que falou com o general McChrystal para manifestar seu "profundo desapontamento" com o artigo. Um funcionário da Casa Branca disse que McChrystal recebeu ordens de comparecer a uma reunião "em pessoa" em Washington.
‘Palhaço’
O general McChrystal tentou limitar os danos causados pelo artigoThe Runaway General (O General Desertor, em tradução livre). “Estendo minhas mais sinceras desculpas por este perfil”, declarou o general nesta terça-feira.
“Foi um erro que reflete mau julgamento e nunca deveria ter ocorrido.”
“Durante minha carreira, vivi sob os princípios da honra pessoal e integridade profissional. O que está refletido neste artigo passa longe deste padrão”, acrescentou.
“Tenho enorme respeito e admiração pelo presidente Obama e por sua equipe de segurança nacional e pelos líderes civis e tropas lutando essa guerra, e permaneço comprometido com uma resolução bem sucedida.”
Nesta terça-feira, o porta-voz da Otan James Appathurai disse que o artigo foi “infeliz”, mas que o secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen tem “total confiança no general McChrystal como comandante da Otan e em sua estratégia”.
O correspondente da BBC no norte do Afeganistão, Quentin Sommerville, disse que o artigo destaca as divisões entre o governo e os militares americanos, como há muito já se suspeitava.
Um dos principais “alvos” do artigo parece ser o embaixador Eikenberry.
McChrystal disse que se sentiu “traído” pelo embaixador durante um debate na Casa Branca sobre pedido de mais tropas para o Afeganistão.
O general sugere que Eikenberry teria usado um memorando interno que questionava o pedido de tropas como uma forma de se proteger de futuras críticas por causa do envio de mais militares.
O general disse: “Eu gosto do Karl, o conheço há anos, mas eles nunca disseram nada parecido com isso para a gente antes”.
“Está aqui alguém que cobre sua guarda para os livros de história. Agora, se a gente fracassar, eles podem dizer: ‘eu te disse’.”
O general McChrystal também parece zombar em resposta a uma pergunta sobre o vice-presidente.
“Você está perguntando sobre o vice-presidente Biden?”, pergunta ele. “Quem é ele?”
E um assessor completa: “Biden? Você disse Bite Me?”. A expressão significa ‘Me Morda’ em português.
Outro assessor se refere a uma reunião no Salão Oval com o presidente, um ano atrás.
Segundo o assessor, foi uma operação de 10 minutos para que fossem tiradas fotografias, acrescentando: “Obama claramente não sabia nada sobre ele, quem ele era... ele não pareceu muito envolvido. O chefe ficou bastante decepcionado”.
“Foi dolorosa aquela época”, disse McChrystal. “Eu estava vendendo uma posição invendável.”
Outro assessor se referiu ao assessor nacional de segurança, James Jones, como “um palhaço que parou no tempo em 1985”.
Sobre um e-mail do enviado especial dos EUA para o Paquistão e Afeganistão Richard Holbrooke, o general comentou: “Anh, não, outro e-mail do Holbrooke... não quero nem abrir”.
A revisão de estratégia no Afeganistão feita no ano passado pelo presidente Obama foi detalhada e garantiu ao general McChrystal outros 30 mil soldados.
Segundo analistas, o general não teria concordado com a promessa de começar a trazer as tropas de volta para casa em 2011.
O artigo da Rolling Stone reflete a frágil natureza do processo diplomático no Afeganistão.

BBCbrasil

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