Coreia do Norte ameaça usar "dissuasão nuclear" contra exercícios militares


DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Coreia do Norte ameaçou neste sábado os EUA e a Coreia do Sul dar "resposta nuclear" aos exercícios militares entre os dois países -- marcados para iniciarem amanhã. Pyongyang considera os exercícios militares uma ameaça de invasão.

"O Exército e o povo da Coreia do Norte neutralizarão legitimamente, com a sua potente dissuasão nuclear, os exercícios de guerra nuclear que são realizados pelos EUA e pelos fantoches da Coreia do Sul", afirmou a agência oficial norte-coreana KCNA, citando a Comissão de Defesa Nacional, chefiada pelo número um do regime comunista, Kim Jong-Il.

"Quanto mais desesperado os imperialistas dos EUA apontarem suas armas nucleares para nós, e mais zelosamente seus lacaios os seguirem, mais rapidamente a dissuasão nuclear [do Norte] será reforçada, no sentido de autodefesa e mais remota será a desnuclearização da península coreana", completou.

Ontem, a Coreia do Norte disse que começaria uma "guerra sagrada" contra os EUA e a Coreia do Sul "em qualquer momento que fosse necessário".

RESPOSTA DOS EUA

Após a ameaça norte-coreana, os Estados Unidos disseram ontem que não estão interessados em entrar em uma "guerra de palavras".

Lee Jae-Won/Reuters - 26.mar.10
Torpedos da Coreia do norte afundaram a corveta sul-coreana Cheonan no dia 26 de março; 46 morreram
Torpedos da Coreia do norte afundaram a corveta sul-coreana Cheonan no dia 26 de março; 46 morreram

"Não estamos interessados em uma guerra de palavras com a Coreia do Norte. O que precisamos da Coreia do Norte é menos palavras provocativas e mais ação construtiva", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, P.J. Crowley, quando questionado sobre o comentário norte-coreano.

A poderosa Comissão Nacional de Defesa de Pyongyang negou novamente em comunicado que o país seja responsável pelo afundamento de um navio de guerra sul-coreano. Disse ainda que poderia ser forçado a adotar medidas de retaliação contra os dois países, que começam exercícios militares de larga escala no domingo.

"O Exército e o povo da DPRK [República Democrática Popular da Coreia, ou Coreia do Norte] vão começar uma guerra sagrada retaliatória em seu próprio estilo baseada em seu arsenal nuclear em qualquer momento que for necessário para conter os imperialistas americanos e as marionetes sul-coreanas deliberadamente pressionando a situação à beira de uma guerra", disse a comissão.

MOTIVOS

Nesta semana, Coreia do Sul e Estados Unidos anunciaram que farão quatro dias demanobras navais e aéreas conjuntas, a partir do próximo domingo (24), que servirão de alerta à Coreia do Norte.

Os EUA também anunciaram novas sanções relativas à venda ou à compra de armas e produtos afins utilizados para financiar as atividades nucleares da Coreia do Norte.

Os EUA, assim como a Coreia do Sul, queriam uma condenação e punição pelo naufrágio do navio de guerra sul-coreano Cheonan, que matou 46 marinheiros e foi causado, segundo investigação, por um torpedo norte-coreano. Mas a Coreia do Norte nega qualquer envolvimento e ameaça de guerra se for punida por isso.

BATE BOCA

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reagiu pedindo a Pyongyang que pare com as provocações e aos países asiáticos que apoiem as sanções da Otan ONU (Organização das Nações Unidas) para pôr fim ao programa nuclear norte-coreano.

No Fórum de Segurança da Ásia, realizado em Hanói, o porta-voz da delegação norte-coreana, Ri Tong Il, criticou os exercícios militares como uma violação da soberania de Pyongyang e disse que levava a região de volta à política de "diplomacia naval armada" do século 19.

"Os exercícios serão outra expressão de hostilidade contra a Coreia do Norte. Haverá resposta física contra a ameaça imposta militarmente pelos Estados Unidos", disse Ri a repórteres.

Na véspera, a Coreia do Norte já havia condenado o anúncio das sanções americanas e classificou de ameaças os exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul de ameaça à paz mundial.

Hillary respondeu dizendo que os EUA estão dispostos a se reunir com os norte-coreanos e dialogar, mas que este tipo de ameaça apenas aumenta as tensões. Neste cenário, continuou, o progresso das negociações parece pouco provável.

"É estressante quando a Coreia do Norte mantém as ameaças e causa tanta ansiedade entre seus vizinhos e na região. Mas nós demonstraremos novamente com nossos exercícios militares que os Estados Unidos estão ao lado da defesa da Coreia do Sul e continuarão assim", disse a secretária americana.

Em seu discurso, Hillary disse que Pyongyang deve "mudar fundamentalmente de comportamento e respeitar seu compromisso de desnuclearização" adotado em 2005.

"A fim de incentivar a Coreia do Norte a tomar as medidas que deve tomar, convidamos com veemência nossos amigos e aliados do Fórum de Segurança da Ásia a continuar aplicando as sanções da ONU, de forma plena e transparente", acrescentou Hillary.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

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