Delegada diz que menor mentiu sobre Bola por medo


Rayder Bragon
Especial para o UOL Notícias
Em Belo Horizonte
A delegada Ana Maria Santos, da Polícia de Minas Gerais, afirmou nesta sexta-feira (16) em entrevista coletiva que o adolescente J. envolvido no desaparecimento de Eliza Samudio mentiu sobre a cor de pele do suposto executor do crime por medo. O menor é primo do goleiro Bruno, do Flamengo, apontado como um dos suspeitos da morte da ex-namorada.
Segundo a delegada, o adolescente, embora tenha reconhecido Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado pela polícia como quem estrangulou Eliza, mentiu ao dizer que o executor do assassinato seria negro, alto e magro. “O medo dele, do executor, me deixa apavorado. Ele remete a um verdadeiro filme de terror”, disse o menor conforme a delegada.
Para Santos, o menor ficou com medo em razão da frieza com que o crime teria sido executado, mas a polícia continua a crer que Bola cometeu o assassinato. Ela adianta que as investigações estão em fase final. "Estão fluindo para a conclusão semana que vem", completou o delegado Edson Moreira, que aguarda os laudos periciais para encerrar o inquérito.
Depoimentos
Em depoimento prestado ontem, o primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, conhecido como Camelo, voltou atrás e negou que o goleiro Bruno estivesse no momento da suposta execução de sua ex-amante, desaparecida desde o começo de junho. Bruno, Sérgio e mais sete pessoas suspeitas de envolvimento no caso estão presas em Minas Gerais.

Sales foi ontem ao Departamento de Investigações de Belo Horizonte, onde foi ouvido pelos delegados do caso, Edson Moreira e Alessandra Wilke. Segundo seu advogado, Marco Antonio Siqueira, Camelo apenas teria confirmado o que já havia dito anteriormente à polícia. A reportagem, entretanto, teve acesso ao conteúdo do depoimento.
 
"Antes doutor, eu menti para o senhor, dizendo que o Bruno tinha saído com o Flavinho [Flavio Caetano de Araújo, preso], eu falei também que ele tinha ido com o Macarrão [Luiz Henrique Ferreira Romão, preso] e o J. [o primo de Bruno, de 17 anos, também detido] para a casa do Bola [Marcos Aparecido dos Santos, apontado como o assassino de Eliza], ele não foi não, doutor, ele ficou comigo no sítio, fazia três dias que eu queria falar com o senhor, mas não deixaram, falaram que eu não podia ter contato", disse no interrogatório.

O primeiro depoimento de Sales à polícia era um dos trunfos da acusação contra Bruno. Na época, Sales disse que o goleiro estava na casa do ex-policial Santos quando Eliza foi morta, visto o crime e só teria interferido para que o ex-policial não matasse o bebê.  

Veja a seguir trecho do depoimento:

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Sales é acusado pela polícia de ajudar a vigiar Eliza no sítio do jogador durante o tempo em que foi mantida refém e também de colaborar a levá-la para que o Bola, a matasse em sua casa, em Vespasiano (MG). Sales estava no carro de Bruno apreendido com documento irregular em Contagem (MG).

Nesta semana, Sales ajudou policiais a fazer uma varredura no sítio de Bruno, onde foram encontrados vestígios de sangue e fios de cabelo. Ele indicou cômodos onde ela foi mantida presa.

Defesa vai alegar "armação"
Reportagem da Folha de S.Paulo afirma que a defesa do goleiro Bruno tentará demonstrar à Justiça que o jogador é vítima de uma vingança por parte de Sales. Advogados têm se reunido com parentes do atleta e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, acusado de ter sequestrado Eliza e o filho dela para levá-los do Rio até Minas, para descobrir o que motivou Sales a dizer à polícia que o goleiro teve participação direta no crime e teria visto a ex-amante ser morta.  

Os advogados de Bruno acreditam que Sales quis se vingar do goleiro porque foi substituído da condição de braço direito na administração da vida do atleta.

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