Israel não pedirá desculpas por ataque a navio turco, diz premiê Netanyahu


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em entrevista à emissora de TV estatal israelense "Channel 1" nesta sexta-feira, o premiê Binyamin Netanyahu afirmou que o Estado hebreu não pedirá desculpas pelo ataque ao navio turco "Mavi Marmara", que matou nove ativistas humanitários que pretendiam levar ajuda à faixa de Gaza.
"Israel não pode se desculpar porque seus soldados tiveram que se defender para evitar ser linchados por uma multidão", defendeu o premiê.
O anúncio foi feito em resposta direta às exigências do chanceler turco, Ahmet Davutoglu, de que o governo israelense se desculpe publicamente pelo ataque à "Frota da Liberdade" para que as relações turco-israelenses sejam retomadas.
Oded Batlity/Efe
Premiê descartou desculpas à Turquia após reunião na casa do embaixador dos EUA
Premiê descartou desculpas à Turquia após reunião na casa do embaixador dos EUA
Ainda falando ao à emissora, o premiê deixou claro que ainda não há acordos para retomar as relações entre turcos e israelenses, mas confirmou a reunião entre um ministro de Israel e o chanceler turco.
As declarações de Netanyahu chegam um dia após sua participação numa cerimônia na casa do embaixador americano em Jerusalém, em antecipação ao dia da independência dos EUA, celebrado no próximo domingo (4), e três dias antes de sua visita a Washington, adiada após o ataque à frota humanitária.
Ainda no fim de maio o premiê deveria ter se encontrado com o presidente americano, Barack Obama, após uma visita ao Canadá, mas a reunião foi cancelada quando Netanyahu antecipou o retorno à Israel para gerenciar a crise internacional em decorrência do ataque do Exército israelense.
Binyamin Netanyahu deve se encontrar com Obama na terça-feira (6), para discutir temas como as relações com a Turquia e as negociações de paz com os palestinos.
Turquia
A Turquia disse diretamente a Israel nesta semana em Bruxelas o que o Estado judeu precisa fazer para recuperar as relações bilaterais, abaladas pela morte de nove ativistas turcos numa ação militar israelense contra barcos que se dirigiam à faixa de Gaza, no fim de maio, disse o chanceler turco nesta quinta-feira.
A Turquia, que já foi o principal aliado islâmico de Israel, tem dito que espera dos israelenses um pedido de desculpas, um pagamento de indenização e o aval a um inquérito da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o incidente, envolvendo uma frota que levava ajuda humanitária aos 1,6 milhão de palestinos submetidos ao bloqueio econômico de Israel na faixa de Gaza.
"Vamos continuar indo atrás dessa questão," disse o chanceler Ahmet Davutoglu, referindo-se às condições impostas pela Turquia, que pediu também pelo fim do embargo a Gaza.
"Demos voz às nossas exigências. Temos trazido nossas exigências para a pauta em todas as oportunidades," acrescentou ele em nota.
O chanceler se reuniu na quarta-feira com o ministro israelense de Comércio e Indústria, Binyamin Ben Eliezer, em segredo. O encontro foi incentivado por Obama e causou irritação ao chanceler israelense Avigdor Lieberman.
Por causa do incidente naval, a Turquia retirou seu embaixador de Tel Aviv, cancelou exercícios militares conjuntos e proibiu aviões militares israelenses de entrarem no espaço aéreo turco.
Israel diz que seus soldados agiram em defesa própria, pois estavam sendo agredidos ao abordarem o navio turco Mavi Marmara, que fazia parte da frota humanitária. Sob pressão internacional, Israel depois disso atenuou o embargo à faixa de Gaza.
Sob o governo de Tayyip Erdogan, a Turquia passou a se aproximar de vizinhos islâmicos e adotar posturas mais críticas a Israel, inclusive condenando a ação militar de 2008 contra a faixa de Gaza.
Os EUA têm pressionado os dois países --ambos seus aliados-- a restabelecerem suas boas relações, o que era útil para os interesses norte-americanos no Oriente Médio.
O presidente dos EUA, Barack Obama, encontrou-se no domingo com Erdogan em Toronto, dias antes de se reunir com Netanyahu em Washington.

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