Instituto oferece psicanálise gratuita a pessoas com depressão, pânico e traumas no Rio


Considerado um luxo inacessível para a maioria dos brasileiros, o tratamento com um psicanalista está se aproximando da população de baixa renda no Rio.

As consultas, que não custam menos de R$ 80 na tabela do Conselho Regional de Psicologia, são oferecidas de graça no IEC (Instituto de Estudos da Complexidade).

Presidido pelo antropólogo francês Edgar Morin, o instituto reúne psicanalistas experientes, que orientam profissionais em início de carreira. Eles se revezam no atendimento gratuito a quase cem pacientes.

Os problemas tratados vão de depressão à síndrome do pânico, passando por traumas causados pela violência.

Segundo os psicanalistas, antes de chegar à clínica, muitos pacientes tentaram sem sucesso conseguir atendimento na rede pública e particular. Há desde crianças com problemas na escola até ex-envolvidos com o tráfico.

"Meu sobrinho estava agressivo e chegava a ser violento com a mãe. Depois que começou a fazer terapia, aprendeu a controlar as emoções. Há muito tempo ele não faz mais isso", afirma o tio de um paciente de 13 anos, morador de uma favela, que pediu para não se identificar.

"As doenças da mente ainda são vistas como "coisa de rico" e o tratamento é quase sempre considerado supérfluo", afirma a psicanalista Tereza Mendonça Estarque, coordenadora do IEC.

Para manter a clínica, criada em 2002, os membros bancam parte dos custos. O resto vem do rendimento conseguido com palestras e cursos a estudantes de psicologia e outros interessados, além de contribuições espontâneas dos pacientes.

"Não é caridade. Cada paciente provoca uma mudança em seu ambiente familiar e de trabalho. Eles podem não pagar com dinheiro, mas oferecem muito mais", afirma Mairun Ferraz, terapeuta e um dos diretores da clínica.

O projeto tem parceria com a PUC do Rio e ONGs, que encaminham as pessoas.

Para participar, entretanto, não é preciso comprovar renda ou ser encaminhado. Basta ligar e agendar um horário (0/xx/21/2543-6064). Quando há vagas, o instituto entra em contato e seleciona os interessados.

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