China alerta EUA contra exercícios militares em sua zona econômica

DA REUTERS, EM PEQUIM (CHINA)
DE SÃO PAULO  

A China alertou nesta sexta-feira contra quaisquer ações militares em sua zona econômica exclusiva, em resposta à decisão dos Estados Unidos de enviar um porta-aviões para perto da ilha sul-coreana bombardeada na terça-feira (23) pela Coreia do Norte. 

 
A Coreia do Norte lançou dezenas de morteiros contra a pequena ilha de Yenpyeong, na fronteira disputada do mar Amarelo, deixando dois militares e dois civis mortos, outros 18 feridos e queimando dezenas de casas. 


Jo Yong-Hak/Reuters
EUA e Coreia do Sul anunciaram manobras militares após ataque do regime de Pyongyang contra ilha sul-coreana
EUA e Coreia do Sul anunciaram manobras militares após ataque do regime de Pyongyang contra ilha sul-coreana  
"Nós nos opomos a qualquer ato unilateral conduzido na zona econômica exclusiva da China sem aprovação", disse o Ministério de Relações Exteriores. A zona econômica exclusiva é uma zona naval de até 200 milhas náuticas (cerca de 370 km) a partir da costa de um país. 

Os EUA enviaram o porta-aviões USS George Washington ao mar Amarelo para exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, previstos para começar no próximo domingo (28). 

Planejados antes do ataques desta semana, os quatro dias de manobras são considerados uma demonstração de força que, além de enfurecer a Coreia do Norte, costuma incomodar também sua única aliada e vizinha, a China. 

Washington está pressionando a China a usar sua influência sobre Pyongyang para acalmar a tensão na península, mas a China não demonstrou interesse em uma mediação. 

Respondendo às críticas de parlamentares da oposição e de sua própria base aliada, o governo sul-coreano decidiu ainda enviar mais tropas a cinco ilhas do mar Amarelo, incluindo Yenpyeong, e anunciou que deve alterar as regras militares de seu Exército. 

Tradicionalmente as tropas sul-coreanas recebem instruções de resguardar as fronteiras mas tentar evitar a escalada de tensão no caso de provocações do Norte, buscando evitar a retomada dos confrontos encerrados em 1953. No entanto, após o recente ataque, o governo sinaliza que pode repensar o papel muito "passivo" frente ao vizinho. 

Mais cedo, a Coreia do Norte reiterou sua oposição às manobras militares conjuntas entre a Coreia do Sul e os EUA, dizendo que tais exercícios levam a península "à beira da guerra". 

"As manobras militares dos imperialistas americanos e de sua belicosa marionete sul-coreana são direcionadas contra a Coreia do Norte. A situação na península coreana está à beira da guerra em consequência do projeto imprudente destes delirantes do gatilho", diz o comunicado difundido pela agência estatal KCNA. 

NOVOS DISPAROS
 
Enquanto isso, o Ministério da Defesa sul-coreano informou ter ouvido novos disparos em ilhas do mar Amarelo, o que poderia indicar a realização de manobras militares das tropas norte-coreanas. 

Sons de explosões procedentes da Coreia do Norte foram ouvidos em vários momentos entre 12h e 15h locais (entre 0h e 3h de Brasília), afirmou uma fonte ministerial. 

"Acreditamos que a Coreia do Norte realizou um exercício de artilharia", disse a autoridade.

NOVO MINISTRO DA DEFESA
 
O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, nomeou nesta sexta-feira o ex-Chefe Adjunto do Estado Maior, Kim Kwan-jin, como o novo ministro da Defesa, em substituição a Kim Tae-young, que renunciou ontem ao cargo. 

Ex-Chefe Adjunto do Estado Maior Kim Kwan-jin, 61, passa a ocupar a pasta de ministro da Defesa da Coreia do SulCom 40 anos de experiência nas Forças Armadas, o militar de 61 anos é visto como um excelente estrategista e foi escolhido por seu "conhecimento interno de políticas [de Defesa] e estratégia", diz um comunicado emitido pela agência estatal Yonhap. 


Ex-Chefe Adjunto do Estado Maior Kim Kwan-jin, 61, passa a ocupar a pasta de ministro da Defesa da Coreia do Sul
A Presidência sul-coreana disse ainda que Kim é adequado para o novo cargo, "num momento em que a responsabilidade do Ministério da Defesa é mais importante do que nunca para proteger as vidas e a propriedade do povo".

A saída de seu antecessor ocorreu após duras críticas da oposição, que pediu a saída de Kim e demandou respostas "mais contundentes" frente às ameaças de Pyongyang. Membros do próprio partido de Lee e parlamentares da oposição acusaram o governo de ser demasiado fraco e responder tarde demais.

"Por que nós disparamos apenas 80 morteiros quando o Norte disparou 170?", perguntou Sim Dae-Pyeong, presidente do opositor Partido do Povo. A oposição questionou ainda o motivo das tropas sul-coreanas terem demorada cerca de 15 minutos desde o primeiro ataque norte-coreano para reagir, quando as regras militares estabelecem uma resposta em, no máximo, cinco minutos.

Arte/FSP

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