Milhares vão à funeral de líder islâmico na Turquia

Milhares de turcos, incluindo os líderes do país, compareceram nesta terça-feira ao funeral do ex-primeiro-ministro Necmettin Erbakan, fundador do movimento islâmico moderno e que morreu no último domingo (27).

Música fúnebre tocou em alto-falantes do lado de fora da Mesquita Fatih, um prédio histórico em Istambul. Vendedores ofereciam lenços com a mensagem "Mujahid Erbakan", celebrando Erbakan como guerreiro santo. Os turcos cantavam "Allahu Akbar", ou "Deus é grande".

O primeiro-ministro Tayyip Erdogan e o presidente Abdullah Gul, aliados de Erbakan, se juntaram a outros líderes para as orações em frente ao caixão, colocado no pátio da mesquita e envolto em tecido verde decorado com versículos do Corão.

Osman Orsal/Reuters
Turcos prestam última homenagem ao ex-premiê Necmettin Erbakan, que morreu no último domingo, aos 84 anos
Turcos prestam última homenagem ao ex-premiê Necmettin Erbakan, que morreu no último domingo, aos 84 anos
As ruas, telhados e varandas de casas ao redor da mesquita estavam cheias de homens e mulheres com lenços. Alguns enlutados levavam bandeiras palestinas.

As filas nas imediações da mesquita reuniam dezenas de milhares, embora alguns meios de comunicação estimem o público em centenas de milhares.

"Erbakan era um gênio", disse o estudante Talha Celik, 17. "Apesar de terem suas diferenças, Erdogan seguiu seu caminho."

Erbakan, principal líder do islamismo político da Turquia no século 20, morreu no domingo em um hospital em Ancara, um dia antes de se completar 14 anos do golpe de Estado que o tirou do poder. A imprensa turca informou que o ex-líder, de 84 anos, estava internado desde o mês passado.

Chefe de governo entre 1996 e 1997, Erbakan liderava atualmente o Partido da Felicidade, maior formação islâmica na Turquia.

Erdogan, do AKP (Partido da Justiça e o Desenvolvimento), foi um de seus discípulos, mas, após a derrocada de Erbakan, abriram-se brechas dentro do movimento islâmico. Erdogan e outros dissidente fundaram o AKP, mais moderado e inspirado nos partidos democrata-cristãos europeus.

As posturas islâmicas de Erbakan sempre o mantiveram na mira dos militares, considerados os fiadores da defesa dos princípios laicos instaurados na década de 1920 pelo fundador do moderno Estado turco, Mustafa Kemal Atatürk.

Durante o governo de Erbakan, a Turquia aprofundou relações diplomáticas com o Irã e a Líbia de Muammar Gaddafi. Sua política externa, linguagem antilaica e políticas pró-islâmicas despertaram feroz oposição das elites laicas, o que culminaria no golpe de Estado de 1997.

Erbakan tinha inúmeros simpatizantes entre a comunidade turca que vive na Alemanha, por meio da associação ultraconservadora Milli Gorüs (Visão Nacional).

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

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