Irã começa a enriquecer urânio em local bem protegido, diz jornal

O Irã iniciou um programa de enriquecimento de urânio em um novo edifício, bem protegido de eventuais ataques aéreos, segundo informações de um dos principais jornais locais do país, o "Kayhan", deste domingo.

O veículo de comunicação, que é próximo de clérigos do Irã no poder, disse que Teerã começou a injetar gás de urânio em centrífugas sofisticadas em uma instalação em Fordo, perto da cidade sagrada de Qom.

Se confirmada a informação, a decisão pode aumentar as tensões entre a República Islâmica e países do Ocidente em relação às ambições nucleares iranianas. O Irã é acusado de tentar produzir armas nucleares, mas Teerã nega.

O Irã disse há meses que está se preparando para realizar o enriquecimento de urânio de Fordo, um local protegido dentro de uma montanha perto da cidade de Qom, no Irã central.

A inauguração do programa poderia bloquear novas negociações com as grandes potências no sentido de resolver a disputa nuclear por vias diplomáticas. O Irã tem sugerido conversar sobre seu programa nuclear com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, mas o diálogo estão paralisados há um ano.

"O Kayhan recebeu relatórios ontem que mostram que o Irã começou a enriquecer urânio na instalação Fordo em meio a ameaças de inimigos estrangeiros", disse o jornal em uma reportagem de capa.

Um dos donos do Kayhan é um representante do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. O próprio chefe do setor nuclear iraniano, Fereidoun Abbasi, afirmou no sábado que o país "em breve" começaria o enriquecimento em Fordo.

No final de dezembro, várias autoridades iranianas, em particular o chefe dos negociadores para a questão nuclear, Said Jalili, e o chanceler Ali Akbar Salehi, afirmaram que o Irã estava disposto a retomar as negociações com o grupo 5+1, composto por Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França, China e Alemanha.

PROGRAMA

O Irã tem uma instalação de enriquecimento de urânio em Natanz, no centro do país, onde cerca de 8.000 centrífugas estão em funcionamento. Teerã começou enriquecimento no local em abril de 2006.

As centrífugas de Fordo, porém, são supostamente mais eficientes, e o local melhor protegido contra ataques aéreos. Construído ao lado de um complexo militar, Fordo foi mantido em segredo e só foi reconhecido pelo Irã depois que foi identificado por agências de inteligência ocidentais, em setembro de 2009.

9.fev.10 - Associated Press
Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, visita a usina nuclear de Natanz (Irã) em abril de 2008
Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, visita a usina nuclear de Natanz (Irã) em abril de 2008


O enriquecimento de urânio está no cerne da disputa do Irã com o Ocidente. A tecnologia pode ser usada para produzir combustível nuclear, mas também material para bombas atômicas.

Os Estados Unidos e seus aliados temem que a capacidade do Irã de fazer seu próprio combustível nuclear acabará por levar a armas atômicas, porque a tecnologia oferece um caminho possível para isso.

O Irã diz que a pesquisa tem objetivos energéticos, e se recusa a interromper suas atividades de enriquecimento de urânio. As autoridades afirmam que precisam do programa para produzir combustível para reatores nucleares e para o uso em tratamentos de pacientes com câncer.

SANÇÕES

EUA, Reino Unido, Canadá e países da UE (União Europeia) aumentaram as sanções econômicas contra o Irã por conta de um relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que sugere que o país tenta dotar-se de armas nucleares.

Críticos das sanções dizem que as medidas não conseguirão impedir o desenvolvimento nuclear do Irã e significaria fazer o jogo de um governo que usa sua hostilidade contra Washington como motivo de orgulho.

Teerã defende que seu trabalho nuclear é inteiramente pacífico e disse que o relatório era baseado em informações falsas da inteligência ocidental.

No dia 24 de dezembro, o Irã começou dez dias de exercícios navais em Ormuz. O exercício militar, chamado de "Velayat-e 90", acontece enquanto a tensão entre o Ocidente e Irã vem aumentando, devido ao programa nuclear do país islâmico.
Abedin Taherkenareh - 4.set.2011/Efe

Usina nuclear de Bushehr, no Irã; governo nega que esteja desenvolvendo armas atômicas
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

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