Historiador francês suicida-se na Catedral de Notre-Dame em protesto contra o casamento gay

Dominique Venner suicidou-se em frente ao altar da catedral de Notre DameO historiador e ensaista francês Dominique Venner, 78 anos, suicidou-se hoje no interior da Catedral de Notre Dame, em Paris, em protesto contra a legalização do casamento dos homossexuais.
Dominique Venner, que foi militante da extrema direita, era membro do Movimento Nacionalista Europeu e conotado com o movimento anti-gay francês.
O último post que Venner deixou hoje no seu blogue relaciona-se com a legalização do casamento dos homossexuais, qualificando-a de "lei infame".
"Não será suficiente organizar educadas manifestações de rua para travar [a lei]. É a uma verdadeira 'reforma intelectual e moral' que importa lançar" a qual "deverá permitir uma reconquista da memória identitária francesa e europeia", escreveu.
"Serão necessários novos gestos, espetaculares e simbólicos para despertar, socorrer as consciências anestesiadas e avivar a memória das nossas origens. Estamos numa época em que as palavras devem ser autenticadas pelos atos", acrescentou.
"É aqui e agora que se joga o nosso destino, até ao último segundo. E este último segundo é tão importante que o resto de uma vida. É por isso que importa ser igual a si próprio até ao último instante", rematou o historiador.
Venner, que pôs fim à vida com um tiro na boca em frente ao altar da catedral pelas 16 horas (menos uma em Lisboa), era especializado em assuntos militares e políticos e diretor da revista bimensal de história "La Nouvelle Revue d'Historie". Junto ao corpo foi encontrada uma carta, disse aos jornalistas o reitor da catedral, monsenhor Patrick Jacquin.
No momento do suicídio encontravam-se na Catedral de Notre Dame cerca de 1500 pessoas que foram de imediato evacuadas.

Samurai do Ocidente


"Não acredito que se possa ligar o seu suicídio à questão do casamento ['gay'], vai muito para além disso", disse à agência de notícias AFP o seu editor.
Segundo Pierre-Guillaume de Roux, Venner estava a ultimar um livro, que seria publicado em junho, intitulado Un samouraï d'Occident, le bréviaire des Insoumis (Um Samurai do Ocidente, o Breviário dos Rebeldes).
Em sua opinião, o suicídio de Venner, com que falou ontem pelo telefone, revela "um forte poder simbólico que se aproxima Mishima", um escritor Japonês que defendeu os valores dos samurais e que se suicidou em 1970.

De paraquedista a combatente cultural


Paraquedista durante a guerra da Argélia (1954-1962), antiga colónia francesa, Dominique Venner fez parte da Organização Armada Secreta (OAS) que pretendia manter este país do norte de África sob domínio francês.
Em 1962, depois de ter estado preso, escreve Pour une critique positive (Para uma Crítica Positiva), um ensaio onde expõe a necessidade de uma refundação cultural da extrema-direita, à deriva desde do fim da guerra da Argélia.
Colocando a ênfase no "combate cultural", Venner foi considerado como o pai fundador da chamada "Nova Direita", no auge durante as décadas de 70 e 80 do século passado.
Em 1972, por altura da criação da Frente Nacional, foi visto com um dos possíveis presidentes para este partido de extrema-direita, mas o lugar acabou por ser conquistado por Jean-Marie Le Pen.


0 comentários:

Postar um comentário