
Platão, tempos atrás, ao expor para o mundo suas observações, seus mitos que saíam de forma imperfeita de sua “caverna das idéias”, narrou, também, e de forma triunfante, os fundamentos da moral, de onde nos permite concluir, resumida e inicialmente, que nossa moral define quem realmente somos.
Para mais claro entendimento—ou, se preferirem, auto-entendimento—faz-se mister uma pergunta íntima à consciência do nobre leitor: o que você faria, que não faz normalmente, se obtivesse o poder de se tornar invisível?
De acordo com o discípulo de Sócrates é essencialmente esse poder que revela de fato nossa moral.
Ao nos tornarmos, supostamente, invisíveis e invencíveis poderíamos fazer coisas que não fazemos por puro medo do olhar alheio ou de possíveis punições. Senão roubamos um supermercado por conta das câmeras, dos seguranças e do receio da rejeição que esse fato, se descoberto, poderia acarretar e não por convicção do que é certo ou errado, admissível e inadmissível, possuímos apenas um medo maquiado de virtude. A moral se caracteriza, portanto, pelo que você não faria nem se possuísse a tal invencibilidade, mas por causa da sua própria sanção interna: a consciência.
A intensidade do valor da moral é percebida na sua total pessoalidade. Ela só é legítima quando na primeira pessoa—daí o paradoxo de discursos moralistas... Essa qualidade depende única e exclusivamente de cada um de nós. Implica fazer o bem, ou não fazer o mal quando o poderia, sem a pretensão de obter posterior recompensa ou reconhecimento. Daí a grandeza e a solidão da moral.
Danielle de Souza Gomes - Estudante de Direito do Unipê
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