Marina já é do PV, um partido igual a todos os outros


Depois de romper o casamento de três décadas que mantinha com o PT, Marina Silva filiou-se neste domingo (30) ao PV.

Os males do PV são semelhantes aos de qualquer partido. Na comparação com o PT, há uma única diferença notável.

Menor, o PV tem muitas cabeças e pouco miolo. Maior, o PT enfrenta a mesma falta de miolo, só que com apenas uma cabeça.

Marina foi recebida por uma multidão de verdes. Coisa de mil pessoas. Gritavam o novo slogam da legenda: “Brasil urgente, Marina presidente”.

A senadora simulou dúvida. Disse que a decisão sobre a aventura presidencial só será tomada em 2010. Lorota. Mudou para ser candidata. É coisa decidida. O PV fechou com ela.

A platéia que saudou Marina era heterogênea –de Zequinha Sarney (MA), líder na Câmara, a Fernando Gabeira (RJ), cogitado para a liderança.

Marina os une. Ela "dá a oportunidade de qualificar a disputa eleitoral. O 'efeito Marina' já está acontecendo", festeja Zequinha.

Gabeira vê em Marina "uma oferta generosa aos eleitores". Chega em meio à denegenerescência que inclui José Sarney, o pai do correligionário.

"Nós temos no Brasil um governo moralmente frouxo, um Congresso apodrecido e um Supremo em processo de decomposição", disse Gabeira.

Servidor do “governo moralmente frouxo”, o ministro verde da Cultura, Juca Ferreira, aderiu ao coro pró-Marina: "No partido, ela é, disparado, o melhor nome".

Ministro de um presidente fechado com outra candidata, Juca rebarbou a contradição: "Não é enfrentar a Dilma, mas propor uma contribuição importante para o Brasil".

Ao dicursar, o presidente do PV, José Luiz Penna, se disse honrado com o ingresso de Marina na legenda. É "um importante passo na luta pelo meio ambiente".

Penna administra o PV com o talento de um compositor. Compõe com todo mundo. Em Brasília, o partido, dono de uma bancada de aparência contraditória, apóia Lula (PT)...

...Na cidade de São Paulo, é Gilberto Kassab (DEM). No Estado, dá suporte a José Serra (PSDB). Em Minas, é verde de amor por Aécio Neves (PSDB). O PV é governo em toda parte. Qualquer governo.

Ao adiar a definição sobre a candidatura presidencial, Marina dá tempo para que sua nova casa seja redecorada, ganhando uma atmosfera pseudo-oposicionista.

Dona de uma biografia limpa, Marina parece conhecer bem o meio do ambiente partidário em que decidiu se embrenhar.

"Não venho com o sonho do partido perfeito que acalentei na juventude, mas com a certeza que os homens e mulheres de bem aperfeiçoem as instituições partidárias".

No caso do PV, o aperfeiçoamento terá de começar pelas arcas. O partido submeteu à análise do TSE prestações de contas de fancaria.

A escrituração verde é colorida com o vermelho da perversão. Tem um pouquinho de tudo: notas frias, pagamentos a empresas fantasmas, isso e aquilo.

A nova legenda de Marina está na bica de perder o direito aos repasses do Fundo Partidário, a verba que a Viúva concede ao custeio da democracia.

É grande, como se vê, o desafio de Marina Silva. Além de cavalgar um partido prenhe de contradições e perversões, terá de empolgar o eleitor.

Por ora, até o seringal dos fundões do Acre, de onde saiu analfabeta aos 16 anos para tornar-se ícone ambiental, está dividido quanto à nova empreitada da senadora.


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