
CHRISTIAN BAINES
colaboração para Folha Online, em Brasília
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, se defendeu nesta terça-feira da crítica de que não estaria disponibilizando à população quantidade suficiente de medicamentos contra a gripe suína --gripe A (H1N1)-- ao afirmar que não pode haver um uso indiscriminado do antiviral. Segundo ele, o ministério entregou 392 mil tratamentos completos, sendo 10.881 para crianças.
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"Nossa política de distribuição atende com folga a demanda. Durante este mês de agosto, mais de 800 mil tratamentos estão sendo imediatamente descentralizados para distribuição nos municípios", disse o ministro durante comissão geral na Câmara.
O ministro afirmou que o país possui um estoque estratégico do medicamento e que não pode liberá-lo, pois os princípios ativos do medicamento estão em estado granular e, ao serem colocado em cápsulas, têm sua validade reduzida. "Este estoque está em princípio ativo, o prazo de validade vai ate 2016 (...) Quando colocado em cápsulas, tem sua validade reduzida".
"Temos que evitar o uso indiscriminado do antiviral. O vírus pode vir a apresentar uma mutação. Casos de resistência já foram apresentados em outros países (...) Infelizmente, a automedicarão é rotina no Brasil. Esse cenário cultural da realidade nacional cria problemas adicionais."
Temporão citou um estudo recente de uma revista médica britânica que aponta que os medicamentos antivirais podem causar efeito colateral e trazem apenas benefícios de curto prazo para crianças de até 12 anos de idade. "Este dado fortalece a decisão [do ministério] de uso racional, indicado e prescrito".
Mortes
Temporão pediu preocupação especial com a orientação e informação para prevenção da doença e criticou as análises que colocam o Brasil como um dos líderes no número de mortes, por considerarem os números absolutos. "Tenho ouvido e visto análises muito equivocadas. Tem que usar o número de óbitos em relação a população", disse.
De acordo com ele, o último balanço parcial do ministério aponta 192 óbitos. Assim, a taxa de mortalidade do país seria de 0,09 óbitos. O índice é menor do que de países como Argentina (0,84%), Chile (0,61) e Estados Unidos (0,14%).
Somadas as mortes informadas por secretarias estaduais da Saúde e que ainda não foram foram incluídas na relação do ministério, o número de mortes no Brasil chega a 203.
Gestantes
O ministro afirmou que 28 gestantes morreram no país, número que representa 14,5% do total. Ele lembrou, no entanto, que desde o surgimento da gripe, o ministério colocou as grávidas no grupo de risco.
"Do total de óbitos no Brasil, 28 são gestantes, ou seja, 14,5 %. Vale lembrar, porém, que 107 gestantes que adquiriram o novo vírus foram curadas. (...) 30% das gestantes que morreram tinham pelo menos um fator de risco adicional", afirmou.
Vírus
Além de Temporão, especialistas da área médica também foram convidados para a comissão especial na Câmara. O infectologista David Uip esteve presente e, assim como fez o ministro, destacou o esforço que o país fez para retardar a circulação do vírus.
"Em um primeiro momento, trabalhamos pela diminuição dos casos de gripe. Conseguimos adiar o pico da epidemia em aproximadamente 80 dias. Isso foi muito importante porque estamos saindo do período do inverno e estamos chegando mais próximo à vacina. Agora, entramos numa segunda fase que chamo de redução de danos, que é de procurar diminuir o número de mortos", disse Uip.
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