PT faz reunião para decidir sobre ação contra Sarney


Mercadante defende apoio da bancada a desarquivamento

‘Nós estamos nas mãos do PT’, diz o ‘demo’ Agripino Maia

Aloizio Mercadante, líder do PT, convocou para esta terça (11) uma reunião com os petistas que integram o Conselho de (a)Ética do Senado.

Vai à mesa a proposta de apoio ao desarquivamento de parte das 11 ações que a oposição protocolou contra José Sarney.

Nesta segunda (10), Mercadante telefonou para uma trinca de colegas de bancada: Ideli Salvatti, Delcídio Amaral e João Pedro.

São esses os senadores petistas com direito a voto no conselho. O líder foi explícito ao expor sua posição aos “liderados”.

Para Mercadante, o PT tem de votar a favor da reabertura de pelo menos uma das ações. João Pedro foi o que se mostrou mais receptivo à idéia.

Ideli e Delcídio resistem, por ora, em votar contra Sarney. Na reunião desta terça, será discutida a hipótese de substituição da dupla.

Pode se dar de duas maneiras: ou Mercadante indica um par de novos integrantes para o conselho ou negocia a ausência de Ideli e Delcídio.

Se os dois faltarem à reunião do conselho, serão substituídos pelos suplentes Eduardo Suplicy e Augusto Botelho, que integram a ala anti-Sarney do PT.

Os votos petistas são cruciais para a reabertura das ações que o suplente de suplente Paulo Duque, presidente do conselho, mandou à gaveta.

A oposição dispõe de cinco votos no colegiado –três do DEM e dois do PSDB. É o bastante para recorrer contra os arquivamentos.

Os recursos forçam Duque a transferir a decisão para o plenário do conselho. Mas, para que os casos sejam desengavetados, são necessários oito votos.

Daí o relevo que se atribui à posição do PT. “Nós estamos nas mãos do PT”, disse ao blog, na noite passada, José Agripino Maia, líder do DEM.

Na hipótese de optar pela substituição de Ideli e Delcídio, Mercadante pode escolher qualquer senador dos partidos do bloco governista (PT, PSB, PR, PCdoB e PRB).

Em verdade, Idelli e Delcídio foram ao conselho na condição de suplentes. Froam à vitrine porque dois titulares bateram em retirada.

Renunciaram ao conselho Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e João Ribeiro (PR-TO), dois votos pró-Sarney.

Não faltam senadores dispostos a arrostar o desafio de votar a favor do desarquivamento. Ouça-se o que disse ao repórter Renato Casagrande (PSB-ES).

“Originalmente, eu tinha sido indicado para compor o conselho. Depois, entrou o Valadares no meu lugar. Ele renunciou. A vaga é do bloco...”

“...Não sou de enjeitar serviço. Se for convocado, cumprirei a tarefa. Temos de reabrir alguma coisa. Do contrário o Senado se desmoraliza”.

A hipótese de substituição é problemática. Os membros do conselho precisam ser aprovados pelo plenário do Senado, em escrutínio secreto. São necessários 41 votos.

Há um segundo problema. Correm no conselho dois tipos de ações contra Sarney: denúncias e representações.

As denúncias, protocoladas por senadores (Arthur Virgílio e Cristovam Buarque), têm peso menor do que as representações, endossadas por partidos (PSOL,PSDB e DEM).

Uma vez desarquivada uma representação, cabe exclusivamente ao conselho deliberar sobre o início da investigação.

Havendo o desarquivamento de uma denúncia, o caso é remetido à Mesa diretora do Senado, a quem cabe decidir se a apuração deve ou não prosseguir.

A Mesa, como se sabe, é presidida por Sarney, que dispõe de folgada maioria no colegiado.

Das 11 ações, Mercadante pende para a reabertura do processo que envolve a contratação do namorado da neta de Sarney por ato secreto.

Demóstenes Torres (DEM-GO) informou ao blog que esse caso é um dos que constam de denúncia, não de representação.

Ou seja: o eventual desarquivamento remeteria o caso à Mesa diretora, que providenciaria para que a coisa fosse, de novo, remetida à gaveta.

Informado pelo repórter acerca do detalhe, Agripino Maia mostrou-se surpreso: “Não sabia que esse caso constava de uma mera denúncia...”

“...É mais uma evidência de que nós, da oposição, somos prisioneiros da vontade do PT. Vamos ter de passar essa história a limpo”.

Pelo sim, pelo não, a oposição decidiu recorrer de todas as decisões de Paulo Duque relativas a Sarney. Assim, o PT terá à sua disposição um leque de 11 alternativas.

A reunião de Mercadante com sua tropa não será simples. Além de devolver Sarney à grelha, o líder do PT acena a hipótese de livrar o tucano Arthur Virgílio da representação formulada contra ele pelo PMDB.

Na noite passada, Ideli Salvatti dizia, em privado, que o PT precisa adotar posição uniforme. Como reabrir investigação contra Sarney e livrar Virgílio da grelha?

De resto, Ideli considera que notícias veiculadas nos últimos dias reforçam a tese de que o problema do Senado, por estrutural, não se resume a Sarney.

Referia-se, por exemplo, às reportagens em que Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN) são acusados de uso irregular de passagens.

Nesta segunda (10), a propósito, Sérgio Guerra, que preside o PSDB, foi compelido a se defender (assista abaixo).




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