Na Paraíba: número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos



Na Paraíba: número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos e violência no Estado é destaque nacional

O Brasil registrou 47,7 mil assassinatos em 2007, o equivalente a uma média diária de 117 mortes. "Isso é mais do que um Carandiru por dia", afirma o autor do estudo Mapa da Violência, Júlio Jacobo. Em 1992, durante a repressão à rebelião na Casa de Detenção do Carandiru, foram mortos 111 detentos.

Os números do trabalho, que avalia a trajetória dos índices de homicídio no País entre 1997 e 2007, foram apresentados hoje em São Paulo. A pesquisa demonstra que as taxas de assassinato ficaram praticamente inalteradas durante a década. Em 1997, foram contabilizadas 25,4 mortes em cada 100 mil habitantes. Em 2007, os números passaram para 25,2 por 100 mil.

O trabalho também mostra que o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no País é 130% maior do que o de um jovem branco. A desigualdade entre as duas populações, que já era expressiva, aumentou de forma assustadora em cinco anos. Em 2002, morriam 1,7 negros entre 15 a 24 anos para cada jovem branco da mesma faixa etária. Em 2007, essa proporção é de 2,6 para 1.

O abismo entre taxas de homicídios é resultado de duas tendências opostas.

Nos últimos cinco anos, o número de mortes por assassinato entre a população jovem branca apresentou uma redução significativa: 31,6%. Entre negros, o movimento foi outro, um aumento de 5,3% das mortes no período. "Brancos foram os principais beneficiados pelas ações realizadas de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", diz Jacobo.


Na Paraíba


O trabalho revela que em alguns Estados as diferenças de risco entre as populações são ainda mais acentuadas. Na Paraíba, por exemplo, o número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos. Em 2007, a cada 100 mil brancos, eram registrados 2,5 assassinatos. Entre a população negra, no mesmo ano, as taxas foram de 31,9 homicídios para cada 100 mil.

"As diferenças sempre foram históricas no Estado. Mas as mudanças nesses últimos cinco anos foram muito violentas", avalia Jacobo. Paraíba seguiu a tendência nacional: foi registrada a redução do número de vítimas entre brancos e um aumento do número de assassinatos entre negros.

Pernambuco vem em segundo lugar: ali morrem 826,4% mais negros do que brancos. Rio de Janeiro ocupa a 13ª posição, com percentual de mortes entre negros 138,7 % maior do que entre brancos. São Paulo vem em 21º lugar. No Estado, morrem 47% mais negros do que brancos. O Paraná é o único Estado do País onde a população branca apresenta maior risco de ser vítima de homicídio. Ali, proporcionalmente morrem 36,8% mais brancos do que negros.

A esmagadora maioria dos assassinatos no País ocorre entre a população masculina. Em 2007, 92,1% dos homicídios foram cometidos contra homens. Na população de jovens, essa proporção foi um pouco maior: 93,9%. Espírito Santo foi o Estado que apresentou maior taxa de homicídios entre mulheres: 10,3 por 100 mil, seguida de Roraima, com 9,6. O Maranhão foi o Estado com o menor indicador. Foram registradas 1,9 mortes a cada 100 mil mulheres.

O estudo conclui ainda que não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil,. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Jacobo.

Redação com Estadão  

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