Copa do Mundo põe à prova 'nova era Dunga'

Daniel Gallas
Enviado especial a Johanesburgo



Dunga. (Foto: Reuters)
Dunga. (Foto: Reuters)
O Brasil entra em campo nesta terça-feira para o seu primeiro jogo da Copa do Mundo, contra a Coreia do Norte, no Estádio Ellis Park, em Johanesburgo.
O torneio é considerado pelo técnico Dunga como o momento mais importante do grupo que o treinador montou ao longo dos últimos quatro anos e que definirá a sua passagem pela seleção.
Desde que assumiu o comando da seleção, após a derrota do Brasil na Copa do Mundo de 2006, Dunga conquistou três títulos. Em 53 jogos, foram 37 vitórias, 11 empates e cinco derrotas.
Mas mesmo o treinador admite que o bom histórico só será levado em conta se o Brasil ganhar a Copa.
"Sabemos que tudo que fizemos até agora vai ser medido nesta competição. Se não ganharmos a Copa, vão dizer que o trabalho não foi bom", disse Dunga ao chegar à África do Sul.
Nova "era Dunga"
Dunga assumiu a seleção sem nenhuma experiência prévia como treinador. Como jogador, ele viveu momentos distintos na seleção. Em 1990, foi considerado um dos responsáveis pela derrota brasileira na Copa, um período batizado informalmente de "era Dunga", de abandono do futebol arte e adoção da "eficiência do futebol força".
Quatro anos depois, foi o capitão da conquista do tetracampeonato, virando símbolo da raça e determinação que imprimiu a suas atuações.
Ainda jogou em 98, na Copa perdida para a França no jogo final. Dunga estava em final de carreira e não teve uma participação marcante, a não ser a bronca dada em Bebeto em pleno campo na primeira partida contra o Marrocos, reclamando de falta de empenho do atacante brasileiro.
Ao longo dos últimos quatro anos à frente da seleção, o treinador formou uma nova "era Dunga", com alguns jogadores que, mesmo não vivendo a melhor fase nos seus clubes, sempre contaram com o apoio do treinador.
A base dos times que ganharam os três títulos sob o seu comando é a mesma desde 2006.
Dos 14 jogadores que entraram em campo na final da Copa América de 2007, contra a Argentina, nove ainda estão na seleção. O título foi o primeiro conquistado por Dunga como treinador, já que ele nunca havia sido técnico antes.
Dois anos depois, o Brasil já tinha a cara do time atual e conquistou o segundo título: a Copa das Confederações. Dos jogadores em campo, apenas o lateral-esquerdo, André Santos, não chegou à África do Sul.
A última conquista de Dunga foi o primeiro lugar nas Eliminatórias para a Copa, no final do ano passado. Desde então, apenas três jogadores foram acrescentados ao grupo: Gilberto, Michel Bastos e Grafite.
O técnico resistiu a pressões da torcida e imprensa para incluir novos nomes no seu grupo e reafirmou sua confiança mesmo em jogadores que foram contestados ou caíram de produção nos últimos anos.
É o caso de Doni e Júlio Baptista. Na Copa América, em 2008, Doni defendeu um pênalti que levou o time à final. Júlio Baptista marcou um dos gols do Brasil na final. Na temporada passada, os dois viraram reservas na Roma.
Dunga manteve Doni, com o argumento de que o goleiro foi colocado na reserva da Roma por mostrar comprometimento com a seleção, em detrimento do clube. Para defender Júlio Baptista, Dunga diz que o jogador só é reserva porque o titular - Totti - é um dos maiores ídolos da história do clube.
Dunga
Mesmo com os bons resultados dos últimos anos, Dunga acredita que a maior pressão em cima da seleção será sempre vencer a Copa do Mundo.
"O Brasil ficou 30, 40 anos sem ganhar a Copa América, e em 1989 ganhou. Ficou 24 anos sem ganhar a Copa do Mundo, ganhou em 1994, foi vice em 1998 e ganhou em 2002. Agora não é diferente."
Para o treinador, a pressão de vencer como técnico é maior do que na época em que jogava.
"Sem dúvida, como treinador, a pressão e a cobrança são maiores. Mas ao mesmo tempo quando você consegue realizar, a alegria também é em dobro", diz Dunga na segunda-feira. "Hoje seguramente eu estou mais preparado do que quando eu era jogador."
Dunga afirma que o sucesso do Brasil na Copa dependerá da capacidade do seu grupo de lidar com a pressão.
"Na Copa do Mundo, o jogador precisa estar preparado que vai ter essa cobrança, essa adrenalina. O jogador e a seleção que conseguirem apresentar esse bom equilíbrio conseguirão apresentar um bom futebol."
Jogo
O Brasil que vai a campo nesta terça-feira é uma variação do time que terminou as Eliminatórias, com a volta de Elano e a entrada de Michel Bastos. O time que Dunga deve escalar para a estreia é: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan, Michel Bastos, Felipe Melo, Gilberto Silva, Elano, Kaká, Robinho e Luís Fabiano.
O adversário, a Coreia do Norte, é um dos times que manteve o maior sigilo desde que chegou à África do Sul. Jornalistas e torcedores só puderam ver a equipe treinar nos períodos exigidos pela Fifa.
A Coreia do Norte deve jogar com Ri Myong-guk, Ri Kwang-chon, Nam Song-chol, Pak Chol-jin, Ri Jun-il, Ji Yun-nam, Mun In-guk, An Yong-hak, Pak Nam-chol, Hong Yong-jo e Jong Tae-se. O último jogador é o destaque da equipe. Ele joga no futebol japonês e já foi comparado ao atacante inglês Wayne Rooney.
A partida acontece às 20h30 (15h30 no horário de Brasília) no estádio Ellis Park, em Johanesburgo, sob arbitragem do húngaro Viktor Kassai.
Após o jogo contra a Coreia do Norte, o Brasil enfrenta a Costa do Marfim, no domingo em Johanesburgo, e Portugal, no dia 25 em Durban.

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