Sobe para 64 mortos em ataques a torcedores em Uganda, incluindo um americano


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Subiu para 64 o número de mortos em ataques a bomba em dois bares lotados com torcedores assistindo à final da Copa do Mundo na capital da Uganda, Campala, informou um oficial da polícia.

A embaixada dos EUA confirmou que há um americano entre as vítimas. Os EUA lamentaram as perdas de vida "resultantes desses ataques covardes e deploráveis".

Marcv Hoafer/AP
Mulher recebe atendimento médico após explosão em restaurante em Campala, capital da Uganda
Mulher recebe atendimento médico após explosão em restaurante em Campala, capital da Uganda
"Estávamos assistindo ao futebol aqui e, quando faltavam três minutos para o final da partida, houve uma explosão muito alta", disse Juma Seiko, do lado de fora do clube de rugby de Campala.

Nenhum grupo assumiu imediatamente a autoria dos atentados, mas há suspeitas que possam ter sido perpetrados pela milícia somali Al Shabab, fortemente ligada à Al Qaeda. Militantes da Al Shabab na Somália ameaçaram atacar a Uganda por ter enviado forças de segurança para o país, para ajudar o governo apoiado pelos EUA.

Uganda é a terceira maior economia do leste africano, e tem atraído bilhões de dólares em investimentos estrangeiros, especialmente no setor petrolífero e mercados de dívida do governo, após duas décadas de relativa estabilidade. Mas investidores em Uganda e no vizinho Quênio, que faz fronteira com a Somália, costumam citar a ameaça de militantes islâmicos como uma séria preocupação.

TRAGÉDIA

Um dos ataques teve como alvo o restaurante Vila Etíope, no distrito de Kabalagala, popular centro de vida noturna, que atrai muitos visitantes estrangeiros e estava cheio de torcedores.

O segundo ataque atingiu um clube de rugby que também mostrava a partida entre Holanda e Espanha.

"A informação que nós temos indica que 13 pessoas morreram aqui na Vila Etíope e muitas outras ficaram feridas, e mais de dez pessoas foram dadas como mortas no clube de rugby", disse o chefe de polícia Kale Kaihura aos jornalistas. Outro oficial da polícia, no entanto, informou mais tarde que o número de mortos tinha aumentado para 64.

Policiais fortemente armados cercaram o local das duas explosões e fizeram buscas com cães farejadores, enquanto sobreviventes ajudavam a remover feridos presos nos escombros.
A polícia disse suspeitar que os ataques foram premeditados. "Não acho que jogaram uma granada. Foram explosivos ou bombas plantadas", disse Kaihura.

Dois ataques coordenados tem sido uma marca registrada da Al Qaeda e grupos ligados à rede terrorista de Osama bin Laden. A polícia acreditar ser possível que o alvo fossem estrangeiros.

AMEAÇAS

As tropas etíopes invadiram a Somália em 2006 para expulsar um movimento islâmico de Mogadíscio. A ação espalhou a insurgência islâmica, que ainda assola o país africano. Além disso, a Uganda também hospeda soldados somalis treinados em programas apoiados por EUA e Europa.

"A informação que temos indica que as pessoas que atacaram a Vila Etíope estavam, provavelmente, tentando atingir expatriados", disse Kaihura. "Temos figuras de mente diabólico que têm nos alertado, como as Forças Aliadas Democráticas, Al Shabab e Exército de Resistência do Senhor."

O Exército de Resistência do Senhor manteve uma guerra de duas décadas no norte de Uganda antes de cruzar a fronteira ruma ao Sudão e mais longe, em direção ao centro da África. Em maio, a Uganda disse que as Forças Aliadas Democráticas poderiam estar se reagrupando ao longo da fronteira oeste com a República Democrática do Congo.

Grupo fundamentalista muçulmano ligado a Al Qaeda e que luta para derrubar o Governo Federal de Transição (TFG) somali, o Al Shabab foi treinado por militantes veteranos do Afeganistão, Paquistão e Iraque, segundo representantes internacionais. Se o grupo for mesmo responsável por esse ataque, será a primeira vez que cometeu um atentado fora da Somália.

Em Mogadíscio, o xeque Yusuf Sheik Issa, um comandante da Al Shabab, disse à Associated Press estar satisfeito com os ataques em Uganda, mas não quis confirmar nem negar a responsabilidade pelos atentados.

"A Uganda é um de nossos inimigos. Qualquer coisa que os faça chorar, nos faz feliz. Que a ira de Deus esteja acima daqueles que estão contra nós", disse ele.

Durante orações na sexta-feira, outro comandante da Al Shabab, xeque Muktar Robow, pediu que militantes atacassem lugares na Uganda e no Burundi --dois países que enviaram soldados para a força da União Africana em Mogadíscio, na Etiópia.

SOMÁLIA

O chanceler queniano, Moses M. Wetangula, disse na semana passada que militantes veteranos do Iraque, Afeganistão e Paquistão se realocaram na Somália, espalhando preocupação entre a comunidade internacional.
Militantes internacionais foram aos montes para a Somália porque o governo do país controla apenas uma pequena área da capital, Mogadíscio, enquanto o restante do território do país fica à disposição para insurgentes treinarem e planejarem ataques.

O presidente somali, xeque Sharif Sheik Ahmed, fez um apelo no sábado para que a comunidade internacional faça mais para ajudar o país a combater militantes ligados à Al Qaeda.

Atualmente há 6.000 membros da força de paz da União Africana no país.

0 comentários:

Postar um comentário