Censo da Vida Marinha traça primeiro mapa da vida do mar


REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR INTERINO DE CIÊNCIA

Um pacotão de pesquisas de acesso livre, divulgadas ontem, sintetiza o esforço de dez anos para tornar a biodiversidade dos oceanos menos misteriosa. O resultado, porém, está mais para uma medida do desconhecimento humano sobre os mares.

E isso porque a equipe internacional do Censo da Vida Marinha conseguiu mapear cerca de 230 mil espécies em 25 áreas dos mares. O buraco, contudo, é mais embaixo: entre um quarto e três quartos dos seres vivos marinhos, dependendo da região, ainda precisa ser batizados pela ciência, estimam os pesquisadores.
Editoria de Arte/Folhapress


Apesar disso, algumas conclusões já podem ser esboçadas. Em dez artigos na revista científica "PLoS One" (www.plosone.org), a equipe coordenada por Mark Costello, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), mostra, por exemplo, que bichos como focas, baleias e gaivotas são só a ponta do iceberg -2% da diversidade- da vida marinha.

CAMARÕES NO COMANDO

Os verdadeiros senhores dos mares são camarões, caranguejos e seus parentes menos conhecidos -os crustáceos, equivalentes a um quinto de tudo o que nada, flutua ou rasteja por lá.

"É o esperado", afirma Fábio Lang da Silveira, zoólogo da USP e gestor do Obis, banco de dados sobre a localização de espécies do censo, na região do Atlântico Tropical.

"Assim como em terra firme os insetos são os mais diversificados, acontece a mesma coisa no oceano com os crustáceos, os quais, tal como os insetos, também são artrópodes", explica ele.
Por enquanto, as áreas consideradas campeãs de biodiversidade são as águas da Austrália e do Japão, ambas com 33 mil espécies. O Brasil tem cerca de 9.000 espécies registradas, um pouco menos que a média.

Outra constante, independentemente do oceano visitado: as ameaças. As principais são o excesso de pesca e a destruição de habitats.

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