“— O senhor noite é amedrontador , seus dentes são afiados como navalhas, e ele é mágico. Este animal é a razão para toda a emoção que deveria transparecer no início dessa cena, mas que aqui não existe. Sabemos que devemos encontrar este perigoso animal, mas quem aparece em vez dele? Rin Tin Tin!”
(Davey Chancel em O Clube Do Fogo Do Inferno, de Peter Straub.)
O diálogo acima se refere à adaptação cinematográfica de uma obra literária pela qual Davey é obcecado e me provocou boas gargalhadas. Ele a está assistindo, ao lado de sua esposa, pela primeira vez e se decepciona em cada cena, em cada detalhe.
Eu, por exemplo, tive a pior experiência desse tipo com um dos melhores livros que já li na vida. Quando peguei o livro A coisa, de Stephen King, pela primeira vez, pensei: “Okay, vamos ter uma longa semana.”, bem, a semana não foi tão longa quanto imaginei e acabei devorando o livro em seis dias (só parava para comer, tomar banho e dormir) e fiquei obcecado com a possibilidade de um dia ver o meu tão idolatrado livro nas telas do cinema. Pô, eu havia acompanhado aqueles personagens por todos os momentos, eu havia me preocupado com eles, rido com eles, chorado com eles e, o melhor de tudo, vibrado com eles na “Apocalípca batalha a pedradas” (um dos capítulos mais emocionantes do livro de quase oitocentas páginas). Descobri algum tempo mais tarde que o livro tinha uma adaptação feita para a TV em 1990 e vasculhei todas as locadoras de minha cidade procurando, o nome da adaptação no Brasil é: It - Uma obra prima do medo. Ninguém conhecia, mas um belo dia acabei encontrando o filme em VHS, numa locadora falida que só alugava filmes fora de catálogo, e fui correndo pra casa, babando feito um maluco. Preparei todo o ambiente: pipoca, refrigerante, iluminação. Coloquei a fita e me estiquei no sofá. O filme começou.
Ridículo. Um grande pedaço de bosta., pensei.
Cara, eu tremia de raiva… vontade de pegar aquela fita e transformá-la em algo semelhante a picado de bode.
Todos nós já passamos por algo semelhante: Lemos um livro, construímos todo um universo em volta dele, de seus personagens e seus dramas, imaginamos todos os detalhes enquanto aguardamos ansiosamente por sua adaptação cinematográfica… Então chega o grande dia da estréia e lá está você: primeira fila, ingresso suado na mão trêmula, respiração ofegante, nem mesmo o Chuck Norris conseguiria tomar esses ingressos de você. Os minutos vão passando e você vai repassando mentalmente toda a história, lembrando das noites em claro, os olhos esbugalhados correndo rapidamente pelas páginas. O que será que aconteceria àquele personagem? Como, meu Deus, ele iria sair dessa confusão? Maldito vilão filho da puta! São algumas das comuns reações ao desenrolar da obra.
Chega o momento. Você respira fundo, o filme está quase começando…
É co m um misto de surpresa, desdém e raiva que você vê tudo àquilo que você construiu com sua imaginação ser destruido por algum diretor/roteirista incompetente. Claro, não é sempre que isso acontece, também há as experiências agradáveis e acredito que todos nós já passamos por ambas pelo menos uma vez na vida. No meu caso, tive excelentes surpresas com O Senhor dos Anéis, À espera de um milagre e Um sonho de liberdade.
A obra It vai ser novamente levada às telas, dessa vez, ao que me parece, será uma adaptação mais competente, feita pelo Dave Kajganich (Invasores), mas devo confessar que tenho mais medo de me deparar com outra porcaria que da obra em si. ;-)
Vou ficar por aqui, galera, até o próximo post.
fonte: http://www.robertodenser.blogspot.com/
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