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Subiu para 50 o número de mortos nesta quarta-feira, no segundo ataque consecutivo, ao único hospital da zona norte do Sri Lanka, segundo informações de autoridades médicas. Outras 60 pessoas foram feridas e a maioria das vítimas são pacientes e civis que recebiam atendimento emergencial. Esse é o terceiro atentado ao hospital em 11 dias. Ao todo, 164 pessoas já morreram somente nos ataques.
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No ataque desta terça-feira, 49 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas. No primeiro bombardeio, em 2 de março, 64 pessoas morreram. Não há informações sobre a autoria do atentado, se teria sido provocado pelos rebeldes ou governo.
"Nós não temos como tratar as pessoas de forma apropriada porque não param de chegar feridos no hospital. Nós vamos até os locais dos bombardeios e tentamos atender os feridos", disse Thurairaja Varatharajah, a mais alta autoridade na área de saúde na região, por telefone, à rede de notícias Associated Press. Segundo o médico, o bombardeio continua por todo o dia.
Mais de mil civis, muitos com amputações e diversos ferimentos, aguardam atendimento no hospital e, em um intervalo médio de 10 minutos, morre entre uma e duas pessoas, segundo estimativas dos médicos. Para prestar atendimento, os médicos priorizam os feridos mais graves.
O ataque aconteceu depois de um fim de semana violento, no qual os conflitos entre tropas do governo e os rebeldes do grupo Tigres Tâmeis, encurralados em uma pequena zona de conflito, no norte do país, aumentaram. Os rebeldes estão ao lado de cerca de 50 mil civis, confirme estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas). Só neste fim de semana, quase 400 civis morreram e mais de mil ficaram feridos.
Reuters | ||
Tigres Tâmeis divulgam imagens de civis feridos em zona de conflito ao norte do Sri Lanka |
Os rebeldes estão, há alguns meses, encurralados em uma região do noroeste do país, com mais cerca de 50 mil civis, segundo estimativas da ONU. O governo cingalês rejeita qualquer trégua ou cessar-fogo, por considerar estar próximo da vitória. O comando dos Tigres Tâmeis rejeita a rendição e exige que todos os rebeldes carreguem uma cápsula de cianeto e a engulam, em caso de captura.
Os rebeldes lutam, desde 1983, para criar um território independente para a minoria étnica tâmil, que sofreu discriminação com os sucessivos governos da maioria cingalesa. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa consideram o grupo terrorista.
Cruz Vermelha
Nesta quarta-feira, a Cruz Vermelha divulgou também a morte de um dos funcionários e da mãe dele. Não há informações se o casal morreu no reduto dos rebeldes ou se estava no hospital que foi bombardeado.
Esse foi o terceiro trabalhador morto desde de março, segundo o porta-voz da Cruz Vermelha em Geneva. A organização é a única a prestar atendimento aos refugiados na região.
Imagens
A organização de direitos humanos Human Rights Watch disse ter imagens de satélite e informações de testemunhas que contradizem o governo do Sri Lanka que afirma não usar armamento pesado contra os rebeldes na zona de conflito. O Exército acusa os rebeldes de usar os civis como escudos humanos.
Desde o início do conflito, os jornalistas são proibidos de entrar na área e ONGs de ajuda humanitária ligadas a ONU (Organizações das Nações Unidas) estão proibidas de entrar na região.
"Nem o Exército armado do Sri Lanka e nem os Tigres Tâmeis tem o direito de usar os civis como escudo humano", disse Brad Adams, diretor na Ásia da Human Rights Watch.
"Comparando o antes e depois das imagens de satélites, nós vemos uma movimentação da população, o que sugere que houve um aumento no êxodo dos civis e a destruição dos abrigos, com imagens de várias crateras devido aos bombardeios", disse Lars Bromley, diretor da associação de Tecnologia Geospatial e de direitos humanos.
O porta-voz militar, Udaya Nanayakkara, negou que as tropas sejam responsáveis pelos bombardeios e alegou que a zona de conflito é muito pequena para que sejam usadas armas pesadas contra os rebeldes. Organizações de direitos humanos acusam o governo de não bloquear a artilharia na faixa costeira da ilha.
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