De amantes


Carta número 3



Tudo acaba. Tudo realmente acaba. Mesmo que o fim seja uma tentativa de um outro começo. A solidão me disse: “vai, vai!, prova a vida dela e a tua”. E como uma grande mãe encerrou, dizendo que sempre haverá seu quarto, seus livros e suas loucuras, caso não dê certo ou precise passar uma noite em claro sozinho.
Ninguém gosta de esperar. Alguns sabem esperar. Na verdade, o que incomoda é a incerteza. Será que ela virá? Será que vou te encontrar nesta tarde marcada? Qual o resultado do exame de gravidez? O que virá depois da morte? Quem sabe esperar, nada espera. Se a vida fosse um jogo, jogaríamos algo do passado e do futuro sobre a mesa. Esconderíamos algo do passado e do futuro embaixo da manga e arriscaríamos todo o presente num jogada tão certa quanto desesperada. O jogo das emoções e pensamentos são parte da vida, tal como a vida é só parte do jogo do universo.
Deixe-me entrar na tua alma. Eu prometo que não vou quebrar nada. Quero só observar e saber como as coisas estão postas. Quem sabe eu possa te ajudar e ajudar a mim mesmo. Antes de retornarmos ao dia-a-dia, eu preciso que você lembre que a memória e o passado diante da tua voz presente só se cala, quando você aprende a torná-las um aprendizado ou abraça o som do velho livre coração.
Andre Vitor

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