Afinado com Obama, Lula ‘administra’ Chávez e Evo


Na Cúpula das Américas, Brasil tenta conter ‘companheiros’


Começa nesta sexta (17), em Trinidad e Tobago, a 5ª Cúpula das Américas.

Reunirá 34 chefes de Estado. Cuba não participa. As duas estrelas são Obama e Lula.

Mas dois coadjuvantes –Hugo Chavez e Evo Morales— ameaçam roubar a cena.

O blog conversou nesta quinta (16) com dois assessores do governo brasileiro.

Um serve no Itamaraty. Outro, no Planalto, na assessoria do presidente.

Informaram o seguinte:

1. Lula vai à cúpula mais “afinado” com Obama do que com os velhos “companheiros”.

2. O debate vai girar em torno de um comunicado cujo copião está pronto.

3. O texto contém tópicos caros ao Brasil, com os quais os EUA puseram-se de acordo.

4. O principal deles é a defesa da cooperação no desenvolvimento de fontes limpas de energia.

5. Mercador do biocombustível, Lula vê na simples menção uma janela de oportunidades.

6. Na fase em que o debate esteve restrito às chancelarias, a Bolívia levou o pé atrás.

7. Queria injetar no texto um alerta sobre os supostos riscos que o biocumbustível impõe à produção de alimentos.

8. Grande produtora de petróleo, a Venezuela tampouco demonstrou entusiasmo pelo pedaço do documento dedicado aos combustíveis limpos.

9. Os negociadores americanos adotaram posição inversa. A busca de fontes alternativas de energia é compromisso de palanque de Obama.

10. O grande receio de Lula é o de que Chávez e Evo tentem converter Cuba em tema central da Cúpula.

11. Embora também defenda a suspensão do embargo de 47 anos que os EUA impõem à ilha dos irmãos Castro, Lula age para evitar constrangimentos a Obama.

12. Recoberto de elogios, renovados por Obama em entrevista à CNN, Lula conversou com o "neocompanheiro", por telefone, nesta quinta (16).

13. Lula sugeriu a Obama que fizesse novos gestos em relação a Cuba. Uma forma de desintoxicar o tema.

14. Obama, porém, acha que a bola está com Havana. Fez um primeiro gesto ao derrubar restrições que Washington impunha aos imigrantes cubanos.

15. Autorizou-os, por exemplo, a viajar livremente para Cuba. Liberou o envio de dólares e mercadorias aos familiares que vivem na ilha.

16. Quanto à suspensão do embargo, Obama alega que depende da disposição de Havana de reconciliar-se com os princípios democráticos.

17. Para desassossego do governo brasileiro, Chávez tornou-se um problema já na véspera do encontro.

18. O “companheiro” disse que não vai assinar o comunicado oficial da Cúpula. Por quê? Respondeu –ou tentou— em “bolivarianês”, a língua que só ele entende:

19. Afirmou: “É uma declaração que é difícil de assimilar, está totalmente deslocada no tempo e espaço...”

“...São declarações muito parecidas [com as feitas no] ano de 2001 [...]. Essa declaração a Venezuela veta agora mesmo".

20. A referência a 2001 evoca um encontro ocorrido no Canadá. Uma reunião em que os EUA defenderam a criação da Alca (Área de Livre-Comércio das Américas).

21. O diabo é que nem Obama parece interessado em quebrar lanças pela Alca. Mostra-se mais compenetrado no debate de saídas para a crise global. Uma encrenca "made in USA".

22. De resto, Chávez abespinhou-se com referências elogiosas à OEA. O comunicado atribui à organização papel de destaque na costura de “soluções pacíficas” para os conflitos.

23. O documento realça também a defesa que a OEA faz dos valores democráticos. Algo de que Chávez discorda vivamente.

24. Ele acusa a entidade de ter apoiado a malsucedida tentativa de golpe de Estado que se armou contra ele em 2002. “Até hoje a OEA não condenou o golpe", reclama.

Como se vê, o final de semana promete.


blog do josias

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