Combates no Sudão deixam 55 mortos e elevam tensão na fronteira


da Reportagem Local

Ao menos 55 pessoas morreram e outras 85 ficaram feridas em combates na última sexta-feira (23) entre o Exército do sul do Sudão e árabes nômades da região ocidental de Darfur, elevando a tensão na fronteira norte-sul.

"Temos 55 mortos e 85 feridos em nosso campo. Há atualmente um grande número de [membros da tribo dos] rezeigat que se deslocam à região com o objetivo de ajudar os seus. Também há reforços do exército sulista que vêm das cidades de Raja, Aweil e Wau. Há uma grande tensão", afirmou Mohamed Eissa Aliu, líder da tribo árabe rezeigat, estabelecida principalmente em Darfur.
Segundo Aliu, os combates começaram quando os nômades árabes buscavam terrenos para pastorear e água para seu gado, em Balballa, perto da fronteira com o Estado de Bahr al-Ghazal Ocidental.

Já o Exército do sul do Sudão informou neste sábado que fora atacado em Raja, área remota de Bahr al-Ghazal Ocidental. Eles disseram, contudo, que os agressores eram soldados do Exército do norte do Sudão.

Um acordo de paz assinado em 2005 entre Cartum e rebeldes do Movimento de Libertação do Povo Sudanês garantiu ao sul o direito de manter um Exército próprio e um governo semi-autônomo. O acordo encerrou um confronto iniciado em 1983 e que deixou 2 milhões de mortos.

Em 9 janeiro próximo, o povo sudanês vai às urnas para decidir em plebiscito de autoriza a independência do sul.

"Nossa companhia foi atacada por forças do norte na tarde de ontem", disse o porta-voz do Exército do sul Malaak Ayuen, na noite de sábado. "O Norte estava usando quatro carros com metralhadoras".

Um porta-voz do Exército do norte negou qualquer envolvimento nos confrontos, mas confirmou o ataque das forças do sul contra os rezeigat, em Darfur, no que chamou de "clara violação ao acordo de paz".

A comunidade internacional está preocupada que apenas oito meses antes do plebiscito de independência, temas como demarcação de fronteira, direitos das tribos nômades e cidadania ainda não foram acordados.

A guerra civil entre norte e sul do país, a mais longa da África, foi iniciada em 1955, alternando períodos de violência e paz. O sul, que segue em sua maioria o cristianismo, disputa com o norte muçulmano em temas como petróleo, etnia e ideologia.

Com agências internacionais

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